Jamile Santana
Da Reportagem Local
Maurício Sumiya
Entre os problemas mais graves apontados pelo Comas estão o não cumprimento do projeto social elaborado pela entidade, alimentos vencidos e maus tratos
Depois das frequentes denúncias de maus tratos, a Secretaria Municipal de Assistência Social suspendeu a subvenção concedida à Associação Beneficente Onde Moras? (Abomoras), no valor de R$ 207.921,00 anuais, com recurso municipal, estadual e federal. O anúncio foi feito ontem à tarde pela secretária Maria Marinês Piva e a presidência do Conselho Municipal de Assistência Social (Comas), que interveio nos trabalhos administrativos da entidade para apurar as irregularidades em maio deste ano. Com isso, as 35 vagas para o projeto "Novo Rumo"- que prevê a reinserção do morador de rua à sociedade - serão fechadas. Ainda assim, nada impede que a entidade continue funcionando com verba própria. O edital comunicando a suspensão do recurso será publicado hoje.
Segundo a secretaria, o atendimento aos moradores de rua não será prejudicado, já que o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), que faz a abordagem dos mendigos na rua pode encaminhá-los a outras três entidades filantrópicas que fazem o mesmo tipo de atendimento na cidade. A partir de hoje, a Comunidade Missionária Nossa Senhora de Rosa Mística, o Centro de Acolhimento de Peregrinos e a Associação Maranatha, devem atender sozinhos a demanda.
O Comas apresentou dois dossiês com cerca de 400 páginas cada um, relatando todos os problemas estruturais, administrativos e de atendimento, encontrados na entidade. "Já vínhamos notificando a entidade sobre algumas irregularidades há pelo menos dois anos, mas nada estava melhorando. Então, decidimos tomar esta atitude mais drástica. No entanto, nada impede que a entidade regularize a situação, apresente novo projeto de trabalho e peça novamente a subvenção", explicou a presidente do conselho, Maria Cristina Gonçalves.
Entre os problemas mais graves, o Comas, por meio da comissão de Fiscalização, apontou o não cumprimento do projeto social elaborado pela entidade, alimentos vencidos, maus tratos, permanência de deficientes físicos na unidade sem estrutura para atendê-los e notas fiscais de alimentos que não chegaram a ser consumidos pelos usuários. "Conversamos com 24 pessoas atendidas pela entidade e elas afirmaram que estavam comendo arroz, feijão e ovo todos os dias, enquanto que na nota fiscal que justifica a utilização do dinheiro público, acusava a compra de bacalhau. Além disso, faltam funcionários e os moradores de rua não faziam atividades para a reinserção à sociedade, que é exatamente o propósito do trabalho da entidade. Eles iam lá só para comer e dormir, depois voltavam para a rua", explicou o presidente da comissão, Luiz Carlos Pinheiro. O prazo da suspensão da verba municipal é indeterminado. A Abomoras pode requisitar novamente a subvenção, depois de corrigir as irregularidades apontadas pelo conselho.
Fonte:Mogi News
