sábado, 9 de julho de 2011

Blairo recusa assumir Transportes e enfraquece PR na disputa com Dilma

Nome preferido do partido para substituir Alfredo Nascimento alega questões pessoais e rechaça indicação da sigla, que, pela primeira vez, cogita aceitar a efetivação do interino Paulo Sérgio Passos



Christiane Samarco, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O senador Blairo Maggi (PR-MT) recusou o convite da presidente Dilma Rousseff para ser o novo ministro dos Transportes. Ele ainda vai procurar a presidente para formalizar a recusa, mas, ao fim de reuniões na sexta-feira, 8, em Cuiabá, a decisão estava tomada. Assessores de seu grupo empresarial vetaram a indicação e ele decidiu ficar no Senado. Com a recusa, volta ao topo da lista de ministeriáveis o preferido da presidente e ministro interino, Paulo Sérgio Passos.


Celso Junior/AE - 07/07/2011
Celso Junior/AE - 07/07/2011
Passos chega ao Ministério dos Transportes: ele ocupa, interinamente, a vaga deixada por Nascimento
Sem Blairo, um de seus principais líderes, dirigentes do PR já admitem no bastidor que, se não houver alternativa, o partido acatará a escolha presidencial, selando uma vitória do Planalto.


"O ideal para o partido é que o Blairo assuma, mas pessoalmente, como senador, acho que nós poderíamos caminhar para apoiar o Paulo Sérgio", defendeu o senador Clésio Andrade (PR-MG). No mesmo tom, um influente deputado do PR revelou que está disposto a trabalhar a bancada da Câmara em favor da solução "técnica" de manter o interino e tirar o partido da "linha de tiro das denúncias de corrupção".


Antes de embarcar para Cuiabá na quinta-feira, 7, Blairo disse a Clésio que tentaria convencer seu grupo empresarial a abrir mão dos contratos que tem com o governo, para que pudesse suceder a Alfredo Nascimento. Não conseguiu. "O grupo André Maggi detectou que há conflito de interesses e impedimento legal para que eu assuma o ministério", disse o próprio Blairo no fim da tarde de sexta-feira.


Mas ele aposta que nada acontecerá antes de terça-feira, 12, quando seu afilhado político e diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, vai depor na Comissão de Infraestrutura do Senado. O depoimento carrega um "potencial explosivo", mas um colega de Pagot no secretariado de Blairo no governo de Mato Grosso disse que "não existe a possibilidade de o Pagot entornar o caldo".


Esse interlocutor confirma que Pagot está "magoado e com raiva" por ter sido "jogado às feras" pelo Planalto em meio às denúncias de suposto esquema de corrupção com pagamento de propina a empresários nos Transportes. "Mas ele é um homem honrado e não vai cuspir no prato em que comeu", disse a fonte.


‘Traição’. O maior foco de resistência à tese de efetivar o interino não é Blairo e sim o ex-ministro. Nascimento e seus aliados consideraram "traição" o fato de Passos ter sido chamado ao Planalto por Dilma na terça-feira e não ter avisado ao partido ou ao ministro da reunião. O líder do PR no Senado, Magno Malta (ES), também criticou Passos pelo atendimento precário aos parlamentares. Mas políticos dos vários setores do PR entendem que o rompimento com o governo está fora do horizonte da legenda.
 
Fonte:O Estado de S.Paulo