quinta-feira, 10 de março de 2011

Trem perdido

Trem perdido
As cancelas são obsoletas, a maioria ainda funciona de maneira manual e não oferece segurança. A ´baldeação do inferno´, em Guaianases, é o principal problema enfrentado
Apesar de tantas controvérsias que o transporte ferroviário gera, vale destacar, sem dúvida, a sua importância sob diversos aspectos do desenvolvimento de Mogi das Cruzes. As quatro estações: Jundiapeba, Brás Cubas, Estudantes e Mogi das Cruzes, são tão diferentes umas das outras, que muitas vezes até parece que estamos em outra cidade se fizermos uma parada em cada uma delas. Nas três primeiras citadas, por exemplo, acessibilidade é uma questão precária e até mesmo inexistente, já que se trata de construções antigas.
Mas muito além de problemas estruturais dentro das estações, as questões mais polêmicas acerca do assunto ocorrem mesmo fora delas, nas passagens de nível que dividem a cidade em duas partes: o lado de baixo e o lado de cima da linha e todas as suas complicações e interferências no dia a dia do mogiano. A cidade para cada vez que as cancelas são fechadas. Um grande transtorno é o trânsito trancado pelo fechamento das cancelas em pelo menos três pontos de grande movimento: o centro, a Vila Industrial e em Brás Cubas.
Vivemos numa cidade que cresce a olhos vistos, as ruas antigas já não suportam mais o grande número de veículos e temos uma estrutura viária caótica, que não faz o trânsito fluir. E, ainda por cima, Mogi é caminho para o litoral, e serve de passagem para centenas de carros que vêm da região metropolitana nos finais de semana.

Enquanto os dois viadutos que devem melhorar um pouco esse caos não saem do papel, o motorista, ou pedestre, tem andado meio irritado com as paradas ultimamente, pois é preciso esperar, 5, 10 até mesmo 15 minutos em alguns casos para fazer a travessia enquanto os trens passam de uma estação a outra.
Se não bastasse tudo isso, o sistema de cancelas também não ajuda quando o assunto é segurança. É obsoleto, com portões eletrônicos que não funcionam como deveriam e totalmente manual. Isso quando uma pane faz com os seguranças parem o trânsito com seus apitos mesmo.
E, com quatro estações que tantos benefícios proporcionam para os mais de 5 mil passageiros que as utilizam diariamente, mas insuficientes para atender de maneira satisfatória as necessidades da rotina da cidade, alguém teve a ideia de solicitar  a extensão da linha até César de Souza e a propagou aos quatro cantos, convenceu lideranças, fez muito barulho por nada, pois trata- se um projeto de alguns milhões de reais, que também estenderia todos os problemas citados para outras regiões da cidade, como por exemplo, o circuito universidades-shopping, logo foi descartado pela CPTM. É definitivamente inviável.

Antes de tudo, de ampliar as linhas, é preciso melhorar as que já existem, aparar as arestas, modernizar as cancelas, construir viadutos completos, com suas alças de acesso, e passagens subterrâneas para não parar a cidade.
O cidadão mogiano que usa o trem todos os dias para trabalhar em São Paulo precisa ter um transporte digno. Por isso, é preciso livrá-lo da "baldeação do inferno", em Guaianazes. Sim, porque além de ser precária, chega a ser desumana: uma estação pequena, onde passageiros descem para esperar o Trem Espanhol que os levará para São Paulo. Quando embarcam, têm a sensação de "sardinha em lata".
É notório que os parcos nove horários de ida do Expresso Leste, nenhum em período de rush, não atendem à elevada e crescente demanda de passageiros. Mas ganhamos mais três horários, ou seja, ainda migalhas. E pensar que há pouco tempo, todos os trens que saíam das nossas estações iam ao seu destino sem baldeação....e o melhor, em horários de pico, o mogiano contava com o Expressão nos horários de pico, que saía de Estudantes, parava em Mogi e numa outra estação apenas, ia direto para São Paulo. Bons tempos aqueles, o transporte ferroviário já foi melhor.

Fonte :Mogi News