terça-feira, 29 de março de 2011

Dura realidade

Dura realidade
A baixa qualificação profissional, a pobreza, a falta de convivência familiar, a dependência das drogas e do álcool são apontadas como causas de uma dramática realidade: metade da população da Região vive em condições de vulnerabilidade social. Ou seja, 50% dos 1,4 milhão de moradores das 10 cidades do Alto Tietê enfrentam em menor ou maior grau, um desses problemas.
A comprovação faz parte de um sintomático mapeamento feito com base nos relatos dos assistentes sociais, responsáveis por atender diretamente a população.
São eles os primeiros ouvintes daqueles que procuram o poder público em busca de uma cesta básica, uma consulta médica, uma vaga para a internação de um dependente químico, uma resposta para a série de comprometimentos causados por estes impedimentos a uma vida saudável, de qualidade.
Quem pensa que somente pobreza estaria por detrás das queixas, erra. A situação é mais complexa. Vivem em situação vulnerável, as famílias que possuem um dependente químico, um desempregado sem capacitação profissional, a mulher, idoso, criança e jovem, vítimas da violência.
Esses dramas não escolhem as famílias das classes D e E. Também são vividos por quem figura no topo da pirâmide social: o adolescente rico dependente químico só não precisa roubar para comprar a cocaína, mas enfrenta os mesmos conflitos daquele que usa o crack, mas barato.
O quadro revela o que este jornal tem apresentado diariamente. Na edição deste domingo mesmo, quando detalhes do levantamento feito pela Diretoria Regional de Assistência e Desenvolvimento Social (Drads) ganharam a manchete principal, duas outras matérias, no noticiário policial, detalhavam o que a pesquisa resume em números globalizados.
Primeiro ato: uma família de Itaquaquecetuba tentava encaminhar para a Fundação Casa, três jovens, de 13 a 15 anos, para a Fundação Casa – num flagrante desrespeito à defesa dos direitos da criança e do adolescente, eles ficaram em uma cela de Delegacia, sem energia elétrica, por mais de quatro dias.
Segundo ato: uma cidadã mogiana, vítima da violência dentro de casa, precisou recorrer ao jornal e ao Conselho Municipal da Mulher, para ser ouvida na Delegacia Policial. Primeiro, ela foi orientada a voltar apenas na segunda-feira para se fazer ouvir. Depois, amargou uma longa espera pelo delegado de plantão e resumiu bem a situação: "Eles (o poder público e judicial) nos tratam com pouco caso". delegado.
Divulgado pelo Governo do Estado, o mapeamento da vulnerabilidade social, só surtirá resultados se as prefeituras, deputados estaduais e federais, poder judiciário e a sociedade civil utilizar esses dados de maneira séria e comprometida para mudar esse quadro obscuro e desalentador.
Se assim não for, esse será apenas mais um estudo em pouco tempo obsoleto. E, mais e mais famílias serão reféns da violência, da drogadição, da exclusão social.


Fonte:O Diário de Mogi