domingo, 27 de março de 2011

Cabral imagina vice-presidência

Cabral imagina vice-presidência

RIO
A resposta já está pronta para quem pergunta ao governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), o que pretende fazer depois de encerrar o segundo mandato. "Quero ser presidente do Vasco da Gama", repete. No horizonte de Cabral, porém, não há uma presidência de clube, mas a vice-presidência da República.
Reeleito no primeiro turno com 66% dos votos, o governador nega qualquer movimento para compor uma chapa de reeleição de Dilma em 2014 e insiste que o natural é a manutenção da parceria atual, com Michel Temer (PMDB). A hipótese ganha força, no entanto, porque Cabral, depois de três mandatos de deputado estadual e um de senador, rejeita a ideia de voltar ao Legislativo ou de ser candidato a presidente.
A escolha de Cabral para vice dependeria mais de uma decisão pessoal de Dilma ou do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - caso ele decida voltar à disputa eleitoral -, do que de uma composição entre partidos. Ao contrário do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), também lembrado como possível parceiro nacional do PT em 2014, Cabral é avesso à vida partidária. Não se envolve nos assuntos do PMDB, tem uma relação distante com a bancada na Câmara e só vai a Brasília quando o destino é o Palácio do Planalto.
Na visita do presidente norte-americano Barack Obama ao Rio, domingo passado, Cabral mostrou mais uma vez seu estilo: dar valor às relações pessoais, com um jeito descontraído de tratar até mesmo o homem mais poderoso do planeta. Apesar dos contatos rápidos com Obama, fez propaganda de suas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e falou da viagem que fará aos EUA na próxima semana, para discutir investimentos com o Eximbank.
Ministério
Se a candidatura a vice não se viabilizar, Cabral é candidato certo a ministro em um eventual segundo governo Dilma. "Em 2014, Cabral não fará nada que não seja combinado com Lula e Dilma. Um dia, vai cair no colo dele e será candidato (a presidente ou a vice), assim como o Eduardo Campos e o Aécio Neves. Mas não precisa ser daqui a três anos", diz o vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), já escolhido por Cabral para disputar sua sucessão.
Embora a relação de Cabral com Dilma não seja tão fraterna quanto era com Lula, o governador mantém bom trânsito no governo. Assessores da presidente dizem que ela gosta dele e que o atrito ocorrido durante a escolha do ministro da Saúde não deixou sequelas. Nas palavras de um colaborador de Dilma, "foi uma lição para Cabral".
Na ocasião, o governador divulgou a informação de que seu secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, era o escolhido de Dilma Por causa do vazamento, Côrtes perdeu o cargo. Ele continua no governo do Estado, e a versão oficial foi de que o PMDB não o aceitou como indicação do partido.
O atual titular da Saúde, Alexandre Padilha, é um dos ministros mais próximos de Cabral. Antonio Palocci, chefe da Casa Civil, é outro interlocutor - uma relação "cordial, mas não especial", segundo um assessor.

Fonte: O Diário de Mogi