sexta-feira, 5 de julho de 2019

INFORMAÇÃO: Folclore Político (XCV) Confusão no novo milênio

30 de junho de 20194 min. - Tempo de leitura
Darwin Valente
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HISTÓRIA Padre Melo e Melquíades sempre foram grandes amigos, dentro e fora da
política mogiana. Herança de uma amizade familiar vinda de muito tempo, no Ceará. (Foto: arquivo – O Diário)
Chico Bezerra “deu a volta’ em Padre Melo e acabou como candidato a prefeito do PMDB

A virada do milênio, com a esperada chegada do ano 2000, encontrou a política local em plena efervescência. Waldemar Costa Filho havia decidido encerrar o seu ciclo, ao final do quarto mandato de prefeito e as primeiras eleições municipais do novo tempo estavam cercadas de grande expectativa em relação à definição dos candidatos à Prefeitura. Manoel Bezerra de Melo, articulador-mor do PMDB, queria ver seu protegido, Melquíades Machado Portela, candidato a vice na chapa a ser encabeçada pelo antigo líder rural, Junji Abe. Padre Melo, entretanto, não contava com um adversário inesperado, que até então passava boa parte do tempo a seu lado: o afilhado político Chico Bezerra, que valendo-se do poder alcançado como deputado estadual, decidiu envenenar os planos do já veterano político, cearense como ele. Com amigos influentes no Diretório Estadual do PMDB, Chico obteve a legenda para se candidatar a prefeito de Mogi, deixando o Padre e Melquíades de fora dos planos do partido. Foi um duro golpe contra seu antigo mestre na política. A criatura voltando-se contra o seu criador. Melo sentiu-se traído e desgostoso, a ponto de ter sido submetido, pela segunda vez, a uma delicada cirurgia cardíaca. Sem poder contar com Melquíades, o candidato Junji procurou outro médico, Roberto Luiz dos Reis Zanetta, para ser seu vice, na vitoriosa campanha contra Chico e mais quatro candidatos: Padre Dimas (PT), Sônia Ribeiro (PRTB), João Curió e César Davi Marques (PSC). Pela primeira e última vez, desde então, a eleição para a Prefeitura de Mogi só foi decidida em segundo turno, depois que Junji obteve 44% dos votos contra 23% de Chico na primeira etapa da votação. A nova eleição confirmou a superioridade de Junji, que ficou com 56% dos votos contra 44% de Chico Bezerra. Este perdeu a eleição, assim como o apoio e a amizade de Padre Melo. Ficou assim por vários anos, até que certo dia – santa ironia! – Chico Bezerra procurou Melquíades com um pedido para que ele intercedesse junto a Padre Melo para uma reconciliação. Mesmo após haver sido atacado por Chico durante a campanha, Melo acabou concordando. O tempo já havia funcionado como bálsamo a curar feridas antigas. E graças à intervenção de Melquíades, atuando como bombeiro, a paz voltou a reinar entre os representantes da República de Crateús (Ceará) na política mogiana.

Desmedido

Aqui e abaixo, algumas histórias contadas pelo jornalista Claudio Humberto, em sua série “O poder sem pudor”: Em seu primeiro discurso como deputado, após a posse, o saudoso Clodovil Hernandes (PTC-SP) exigiu silêncio no plenário, calando 368 parlamentares presentes. E ainda deu um pito em Paulo Maluf (PP-SP), que insistia em conversas paralelas. Em seguida, uma repórter quis saber como ele votaria as medidas provisórias. Clodovil fez graça: “Que medida o quê, minha filha… Eu não estou aqui para fazer roupa!”

Zoiudo

Candidato a prefeito paulistano em 1992, Eduardo Suplicy fazia comício no distante bairro Cidade Kemel, em Poá, quando foi desafiado por “Chicão”, líder comunitário: “O senhor se diz candidato dos trabalhadores, mas não sabe o que é ‘zoião’!…” Suplicy arriscou: “…olhos grandes?” Chicão estraçalhou: “Zoião são dois ovos estalados que o trabalhador come todo dia. O senhor não sabe porque nunca comeu em marmita…”

De berço

Advogado em Sergipe, o ex-presidente nacional da OAB Cezar Britto certa vez foi atacado por um velho advogado: “Sou tratado de direitista, mas em 1964 lutei contra a ditadura. E muito gostaria de saber o que o senhor Britto fazia então, de que lado estava…” Britto, que nasceu em 1962, respondeu bem-humorado: “Eu estava com minha mãe tomando mamadeira, no berço, mas gritando: “abaixo a ditadura”!

Pedindo votos

Trinta anos antes do documentário “Peões”, sobre a trajetória de Lula, o documentarista Eduardo Coutinho imortalizou em “Teodorico Bezerra – O Imperador do Sertão” a história do major potiguar que pedia votos assim: “Olhe, você não tem um boi, uma galinha, um terreno… Nada para me dar. Você só tem o voto. É só o que peço” dizia o major aos empregados. E quase sempre conseguia.

Tem alguma boa história do folclore político regional para contar? Então envie para

darwin@odiariodemogi.com.br

Fonte:O Diário de Mogi