quarta-feira, 15 de novembro de 2017

INFORMAçãO: Folclore Político (XIX): O telefone do governador

12 de novembro de 2017  Informação  
No segundo ano da administração de Francisco Rodrigues Corrêa, o Quico, como prefeito de Salesópolis, a Cidade foi atingida por uma tromba d’água, em plena terça-feira de Carnaval. Choveu tanto que a pressão da água acumulada no interior do cemitério derrubou o muro e desceu morro abaixo, levando túmulos e restos mortais das pessoas lá enterradas. Eram 2 horas da madrugada quando o prefeito, apavorado, decidiu tomar uma decisão: ligou para o governador do Estado, que o atendeu, com voz de sono. “O senhor precisa me ajudar, os defuntos estão espalhados pelas ruas e eu tenho outros problemas com a Cidade afetada pelo temporal”, disse Quico. Do outro lado da linha, Geraldo Alckmin procurou acalmá-lo com a promessa de ajuda. Na manhã seguinte, um grande número de integrantes da Defesa Civil e outros órgãos

de apoio do Estado já estava a postos para iniciar os trabalhos de limpeza de Salesópolis. Uma semana depois, o telefone do prefeito toca e um assessor do Palácio dos Bandeirantes lhe informa que o governador precisava, urgente, falar pessoalmente com ele. Como se encontrava em São Paulo, Quico foi direto para o gabinete do governador, onde a secretária o fez passar à frente dos demais visitantes. Ao chegar à sala, o prefeito se assustou ao ver Alckmin e sua mulher, dona Lu, à sua espera. O governador tomou a iniciativa e lhe disse para que não tomasse aquilo como uma advertência ou “puxão de orelha”, mas que ele precisava saber como Quico havia conseguido o número para o qual ligara em plena madrugada, pois se tratava de um telefone exclusivo dele e de Lu. Para o governador, seria uma questão de segurança saber a origem do número. O prefeito abriu seu largo sorriso e explicou: “Lembra-se que eu estive aqui no gabinete há uns 20 dias, junto com o prefeito de São José dos Campos, Manoel Fernandes, e do deputado federal Marcelo Ortiz? Pois nós estávamos aqui contando histórias quando dona Lu chamou o senhor, que saiu da sala. Eu vi o seu celular sobre a mesa, peguei o telefone e liguei para meu. Quando senti a vibração no meu bolso, desliguei e apaguei o número, deixando no mesmo lugar. Ainda bem que guardei o seu número. Caso contrário, os defuntos estariam até agora espalhados pelas ruas de Salesópolis”. Alckmin e Lu não conseguiram conter o riso. O mistério do celular estava
desfeito.

Ligações
Quico ainda se lembra da data: 18 de fevereiro de 2001. Há menos de dois meses no cargo, o prefeito de Salesópolis atende a um chamado no celular: “Alô, quem é?” E do outro lado: “É o governador do Estado”. E Quico: “Ah, é? E eu sou o papa!”. E desligou o telefone. Era mesmo Geraldo Alckmin, que desejava comunicá-lo sobre a elevação de Salesópolis à condição de estância turística. Até hoje, o governador se lembra do episódio em viagens ao Interior. E se diverte contando a história do prefeito que lhe bateu o telefone, solenemente.


Em Brasília
Acompanhando um grupo de prefeitos liderado por Barjas Negri, de Piracicaba, lá se foi o Quico para o primeiro encontro com um presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Após a conversas de praxe, José Serra apareceu para as tradicionais fotografias. Todos perfilados ao lado de FHC. Serra de cara fechada, bem ao seu feitio. Quico não gostou daquilo. Após a primeira foto, deixou o grupo e foi direto para o ministro da Saúde, lhe estendendo a mão: “Serra, vê se me ajuda, que eu estou fudido, lá em Salesópolis”. Serra começou a rir. E as fotos seguintes ficaram bem melhores.

Com Lula
Quico estava em Brasília, hospedado no Hotel Nahum, onde também estava o recém-eleito presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Foi até ele e pediu para fazer uma foto ao seu lado. Solícito ao extremo, Lula topou e o prefeito, gesticulando, pediu que o eleito ajudasse Salesópolis. Tempos depois, recebeu a foto, em seu gabinete – ele com o dedo no peito de Lula –, com um recadinho no verso: “Vou ajudar sua Cidade, mas quando encontrar comigo, não precisa me apontar o dedo desse jeito”. O aviso era do próprio presidente.

Clinton
Outra vez em Brasília, ao ingressar num elevador do mesmo hotel, Quico jura que deu de cara com Bill Clinton, então presidente dos Estados Unidos. “Not speak english”, avisou o prefeito, já às voltas com os seguranças, enquanto sacava o seu cartão de visitas e entregava ao americano. Com ajuda de um tradutor presente, no melhor estilo caipira, ele entabulou uma conversa rápida com o presidente. Fez sucesso, a ponto de ser fotografado, várias vezes, ao lado de Clinton. Trouxe as fotos e as colocou num painel, em seu gabinete, para surpresa dos vereadores que o visitavam. Todos queriam saber a origem das imagens. “Fui recebido na Casa Branca”, jactava-se o prefeito, fazendo suspense.

COTIDIANO

Fonte:O Diário de Mogi