quinta-feira, 28 de setembro de 2017

CIDADES: Pesquisa mostra aumento da violência física contra a mulher em Mogi

 27 de setembro de 2017  Cidades, DESTAQUE  
10.115 ocorrências de violência doméstica contra mulheres foram registradas entre os anos de 2013 e 2015. (Foto: Divulgação)
10.115 ocorrências de violência doméstica contra mulheres foram registradas entre os anos de 2013 e 2015. (Foto: Divulgação)

LARISSA RODRIGUES
Dados divulgados por um estudo da Universidade de Mogi das Cruzes mostram que 10.115 ocorrências de violência doméstica contra mulheres foram registradas entre os anos de 2013 e 2015. A pesquisa realizada pelas alunas de Direito Josimeire Souza e Bruna Lima foi concluída ao final do ano passado mas ainda pode gerar atitudes futuras por parte da Prefeitura. O Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (COMMULHER) conheceu ontem estes números e deverá usá-los para cobrar a instalação de um Centro de Referência destinado a estas vítimas.

Presidente do COMMULHER, a advogada Rosana Pieruccetti acredita que ter estes registros poderá auxiliar em muitos serviços que o órgão pretende buscar. “Em todos os âmbitos das políticas públicas são exigidos dados e geralmente não temos tudo assim organizado. Quando fiquei sabendo desta pesquisa quis conhecer para que a gente possa usá-la de maneira positiva”, afirmou.


As alunas fizeram o levantamento baseando-se nos boletins de ocorrência registrados na Delegacia da Mulher de Mogi das Cruzes, localizada no Parque Monte Líbano. Josimeire e Bruna analisaram os relatos feitos pelas vítimas junto ao que foi escrito nos documentos. Por eles, conseguiram identificar o tipo de violência. No ano de 2013, a violência moral teve o maior número de ocorrências, sendo quase 50% dos casos. Em 2014 e 2015, a violência física liderou a estatística, com 40% dos registros.

Existe ainda a chamada demanda oculta que diz respeito aos casos que não são registrados. “A pesquisa mostra um dado totalmente assustador, eu imaginava que não chegássemos a um terço desta quantidade que encontramos. Ainda precisamos levar em consideração que estes números são aqueles que chegaram até a Delegacia, mas existem outros escondidos, que não temos condições de saber”, reiterou a advogada Maria de Lourdes Colacique, que foi a orientadora da pesquisa, além de ser coordenadora e professora do curso de Direito da UMC.

Os resultados do estudo vão ainda gerar outra pesquisa. Desta vez, os tipos de lesões serão analisados. “Eu também represento a universidade no COMMULHER, como conselheira, e por conta desta situação alarmante resolvi continuar com essa outra pesquisa na mesma área. E isso tem bastante importância, porque por parte das políticas públicas é feito muito pouco ainda”, contou ela, que orientará novamente Josimeire e Bruna.

Os novos resultados podem embasar ainda mais o pedido de um Centro de Referência por parte do  COMMULHER. “Neste equipamento, a mulher poderia contar com todos os serviços que precisa em apenas um lugar: defensoria, atendimento psicológico e social. Isso ajudaria muito a não reincidir os casos, porque ela tendo informações, não volta para onde sofreu a violência. A vítima vai procurar outras saídas. Então, isso é importante. Traz o empoderamento à mulher, que vai conhecer os seus direitos e ficar sabendo onde pode exigi-los”, explicou Rosana.

Para o vice-prefeito Juliano Abe (PSD), é importante essa ligação entre os estudos realizados pelas instituições de ensino superior de Mogi e a Administração Municipal. “Utilizar o conhecimento gerado por uma universidade dentro das nossas políticas públicas resulta em duas questões básicas: primeiro que a gente erra menos. Quando temos dados para um diagnóstico bem-feito, isso gera a possibilidade de fazermos um conteúdo programático para um plano muito mais efetivo. Segundo: a gente economiza dinheiro. Não somos obrigados a contratar grandes empresas de consultoria, por exemplo. Com isso, fazemos, junto à universidade, economia. Que é o que mais estamos precisando neste momento difícil de crise que vivemos”, ponderou.

Fonte:O Diário de Mogi