segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

CIDADES: Melo: plano de obras será anunciado em 100 dias

1 de janeiro de 2017  Cidades, QUADRO DESTAQUE  
Marcus Melo diz que precisará cortar despesa; plano de obras deverá ser anunciado em 100 dias / Foto: Eisner Soares
Marcus Melo diz que precisará cortar despesa; plano de obras deverá ser anunciado em 100 dias / Foto: Eisner Soares
Marcus Melo diz que precisará cortar despesa; plano de obras deverá ser anunciado em 100 dias / Foto: Eisner Soares

PERFIL
Nome: Marcus Vinicius de Almeida e Melo
Idade: 44 anos
Nascimento: nasceu em Mogi das Cruzes e foi registrado em Biritiba Mirim
Estado civil: casado com Karin Ciocchi Melo
Filhos: Guilherme e Fernando
Formação: Administração de Empresas e Direito

CARLA OLIVO
Em tempos de crise política e econômica, o prefeito Marcus Vinicius de Almeida e Melo (PSDB) toma posse hoje no cargo e prioriza a manutenção dos serviços públicos e a preservação da qualidade de vida dos mogianos. Porém, apesar de adotar medidas como o já anunciado cancelamento dos desfiles das escolas de samba no Carnaval, redução de gratificações a comissionados, corte de pessoal e o início do Programa de Refinanciamento (Refis) previsto para este mês na tentativa de elevar a receita do Município, ele promete divulgar obras e investimentos após os 100 primeiros dias de governo. Enquanto isso, vai reavaliar e rever os contratos em andamento e conversar com fornecedores e prestadores de serviços. Já as grandes obras em execução, como o Complexo Viário Jornalista Tirreno Da San Biagio e a Avenida das Orquídeas, têm sua garantia, apesar de depender da regularidade dos repasses de recursos pelo Governo Federal para cumprir o cronograma de entrega no final deste ano. Na entrevista a O Diário, Melo revela suas primeiras medidas à frente da Prefeitura de Mogi e promete ir a Brasília pedir ajuda aos projetos da Cidade:


Qual a expectativa para este primeiro ano de mandato?
O meu desafio e de toda equipe é manter os serviços funcionando na Educação, Saúde, Segurança, enfim em todas as áreas, porque temos pela frente a questão econômica do País que vai demandar muita criatividade para que possamos fazer mais com menos. A Prefeitura hoje tem uma estrutura muito boa na Saúde e Educação que foi construída ao longo dos anos. O prefeito Marco Bertaiolli fez uma construção na saúde que tem custeio significativo, mas foi pensada há 8 anos, 4 anos, quando a situação econômica do País era uma crescente de despesa e receita. Hoje as receitas estão caindo por conta da recessão econômica, mas vou trabalhar muito para que nenhum serviço tenha descontinuidade.

De que forma reverter esta queda na receita?
Isso vai depender muito da arrecadação do dia a dia. Temos que trabalhar na contenção de despesas, gerenciar de maneira correta os contratos e serviços, buscar novos investimentos dos governos Estadual e Federal e em outras áreas que são possíveis dentro da legislação, além de recursos de dívida ativa e, ainda, ser eficientes na cobrança dos tributos existentes, como ISS(Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza), IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis), taxas, dívida ativa e todos os recursos que são 100% do Município.

O Refis (Programa de Recuperação Fiscal) começará neste mês?
Temos projeto já em estudo, dentro do plano de 100 dias, para verificar a viabilidade de um Refis, que permitirá a entrada de recursos principalmente dos grandes devedores e que poderá contribuir com a receita do Município. Esta é uma das primeiras medidas que será tomada.

Quais serão as outras medidas?
Vamos reavaliar e rever todos os contratos em andamento e conversar com os fornecedores e prestadores de serviços. Teremos redução da gratificação dos comissionados, que são ajustes necessários de acordo com a realidade do momento, e vamos repensar toda a relação de consumo da Prefeitura com os fornecedores. Os projetos em andamento têm prioridade na continuidade porque foram pensados com a finalidade de beneficiar o usuário final, que é o mogiano, e inclusive participei da grande maioria deles.

Haverá cortes de pessoal?
Teremos algumas reduções também no pessoal e entendo que a única opção que o gestor público tem é o corte de alguns cargos comissionados. Isso será analisado neste mês, quando teremos alguns ajustes, mas estes cortes serão feitos com muita responsabilidade para não termos nenhuma descontinuidade dos serviços.

O que diria aos mogianos e aos empresários sobre o pagamento dos tributos?
Cada cidadão, empresa e empresários tem suas necessidades. E as contribuições dos tributos do Município são revertidas à própria população, então cabe aí a responsabilidade de todos para que provenham  serviços onde nós moramos. Às vezes, estas pessoas não sabem dos serviços que a Prefeitura realiza no Município. A Saúde, a Educação e a própria manutenção da Cidade demandam recursos financeiros. O meu pedido é para que as pessoas possam se esforçar a fim de manter os pagamentos em dia para que a Prefeitura possa prestar um bom serviço e retornar os recursos que são pagos pelos tributos.


Grandes obras em andamento, como o Complexo Viário Jornalista Tirreno Da San Biagio e a Avenida das Orquídeas, estão garantidas?
Estas são obras de convênios, de contratos junto com o Ministério das Cidades. A Prefeitura levou os projetos e conseguiu os recursos para investimento nestas obras. Isso está garantido com previsão de entrega até o final deste ano.Dependemos do repasse do Governo Federal e se eles forem mantidos em dia será uma grande conquista da Cidade receber estas duas obras.

E a situação do atraso nos repasses federais em outras áreas?
Existe um atraso e temos mantido sempre um bom relacionamento com os governos do Estado e Federal, além de trabalharmos por aquilo que nós, mogianos, temos direito dentro da proporção do Município, que tem quase 500 mil habitantes e uma qualidade de vida muito boa. O grande desafio é manter isso.

Como o senhor recebe a Cidade hoje?
Trabalhei com o prefeito Marco Bertaiolli desde o primeiro dia de sua gestão, em 1 de janeiro de 2009, e vi Mogi evoluir, crescer muito. Tivemos a oportunidade de melhorar os serviços e meu grande desafio é olhar sempre para a frente, ver o que podemos construir, modernizar, ampliar. Sou mogiano e temos que trabalhar para permitir, principalmente às crianças de hoje, uma qualidade de vida melhor no futuro. Algo que me move muito e me tocou bastante como candidato e pessoa são as crianças e temos que pensar sempre no futuro delas.

E como Mogi deve estar daqui a quatro anos?
Espero olhar para trás, daqui a quatro anos, junto com minha equipe e a população, e dizer que Mogi está melhor do que hoje em todos os aspectos. Quero poder compartilhar esta alegria como todos os mogianos, mas sei que a atribuição não é só do prefeito. Temos que construir uma cidade mais participativa, com o envolvimento da comunidade. É natural as pessoas procurarem a Prefeitura achando que ela tem a solução de tudo. A Prefeitura faz parte, mas a solução cabe a todos nós. Minha vontade é estar mais próximo da população, vivenciar o dia a dia das pessoas, porque aprendo muito ouvindo. E quando há este contato nos bairros com os moradores, temos uma percepção melhor e conseguimos tomar a decisão dentro daquilo que for necessário e de maneira mais adequada. Quero ampliar isso.

Com o aumento dos serviços, cresce também a demanda. Quais áreas com mais necessidade de investimentos?
Há necessidade de ampliação de investimentos na segurança e manutenção da Cidade. Saúde e Educação são frentes de trabalho com demanda contínua e sempre terão a grande atenção que recebeu nos últimos anos. Temos o desafio de possibilitar a entrada de novas empresas no Município para melhorar a questão do emprego, principalmente desburocratizando, auxiliando, apoiando e convidando as empresas que queiram investir em nova planta ou unidade. Precisamos convidá-las para conhecer Mogi e com certeza entenderão que a Cidade é uma ótima opção.

Uma das áreas com potencial para receber empresas é o Taboão, mas os empresários cobram melhorias na infraestrutura. Há planos para investimentos no Distrito Industrial?
O Taboão é uma área particular e temos no nosso projeto um diálogo com os proprietários para buscarmos caminhos a fim de outras empresas possam se instalar em Mogi.

Neste ano serão anunciadas obras?
Vamos falar sobre novos projetos nos primeiros 100 dias do governo. Temos um planejamento para obras, mesmo em período de crise, mas não posso adiantar isso agora.

Como foram os últimos meses após as eleições?
Tivemos uma transição, principalmente com relação aos secretários, equipe, avaliação dos contratos e análise da parte financeira. Conheço bem a estrutura da Prefeitura, como cada secretaria, departamento e diretoria funciona, então, é ainda um momento de muito diálogo e conversa na construção da equipe para 2017-2020, onde nosso projeto é para que a Cidade não tenha descontinuidade. Sei da grande responsabilidade de assumir como prefeito, mas como sempre fiz na vida, vou trabalhar muito para manter tudo funcionando.

Ser prefeito era um sonho?
Ser prefeito é algo que foi acontecendo. Como vim para a Prefeitura, comecei a conviver, viver, vivenciar e aprender a gostar da própria estrutura da Prefeitura. A figura do prefeito, que dentro do Brasil ainda tem eleição de voto direto, com a gestão bem feita como Mogi é um exemplo para o Brasil inteiro, ainda é a condição de melhorar a vida das pessoas. A gente encontra em outros municípios problemas e podemos afirmar que Mogi evoluiu, cresceu e melhorou a qualidade de vida das pessoas. Isso é possível graças à boa gestão e administração, além de muita responsabilidade do prefeito Bertaiolli que eu acompanhei em todos os grandes projetos.

Como o ex-prefeito atuará na atual gestão?
Antes de qualquer coisa, ele é mogiano e o desejo dele é que a Cidade melhore e vá bem porque ele mora aqui. Ele vai continuar conosco sempre com a experiência de ter sido prefeito durante oito anos, como conselheiro e amigo. Sempre poderei contar com ele no dia a dia, com uma boa conversa e diálogo para que possamos fazer as escolhas certas.


Qual a expectativa de relacionamento com os governos estadual e federal?
O prefeito Bertaiolli ter recebido o presidente da República Michel Temer no Município é uma satisfação para a Cidade toda. Ele veio conhecer Mogi porque teve uma boa referência para inaugurar unidades habitacionais do ´Minha Casa, Minha Vida´, na Kaoru Hiramatsu, onde construímos os apartamentos, uma escola de período integral, duas creches e uma UPA (Unidade de Pronto-Atendimento). Como mogiano, fico muito feliz pela visita do presidente, a maior autoridade do País, no período em que fiz parte da administração. O ministro das Cidades (Bruno Araújo) fez o convite e vou a Brasília fazer uma visita a ele, assim como a outros ministros, a fim de buscar recursos ao Município. O presidente da República reforçou que não era um convite, mas sim uma convocação. Então, vou bater na porta do presidente também.

Quando a crise econômica deve começar a dar trégua?
As projeções para o cenário econômico do País apontam que somente em 2018 começará a haver uma retomada. E isso será muito por conta do que o Governo Federal vai implementar e quais os recursos que irá disponibilizar aos municípios para fazer com que a máquina da economia volte a se mover. Pode-se falar em consumo, da construção civil e de recursos para investimentos. E a Prefeitura como maior empresa do Município, que tem a maior quantidade de colaboradores, pode fazer a economia local da Cidade ser ampliada. A busca destes recursos faz com que a economia local volte a ter uma retomada. Mas a economia deve se estabilizar para que a gente possa sair desta curva de crise para um período de crescimento.

O fato de 2018 ser um ano eleitoral também traz boas expectativas?
Deveríamos ter eleições a cada quatro anos porque ora não se pode fazer isso ou aquilo porque é ano de eleições municipais, ora não se pode por causa da eleição presidencial. E a Cidade continua e as pessoas necessitam de serviços públicos. Precisávamos de uma mudança na legislação eleitoral.

Há dinheiro em caixa?
Mogi tem suas contas em dia porque trabalhamos para manter a ordem dos recursos financeiros e sempre ajudei o próprio prefeito a cuidar da parte financeira da Cidade e do Semae (Serviço Municipal de Águas e Esgotos). A Cidade mantém todos os pagamentos em dia e isso é importante para a continuidade dos serviços.



Confira neste link a entrevista com o prefeito Marco Bertaiolli (PSD), que se despede hoje da chefia do Executivo Municipal

Fonte:O Diário de Mogi