sexta-feira, 25 de novembro de 2016

CIDADES: Asilo Santo Ângelo é tombado pelo Condephaat

 23 de novembro de 2016  Cidades, QUADRO DESTAQUE  
Prédio do antigo sanatório, hoje Hospital Dr. Arnaldo Pezzuti, foi criado em 1928. (Foto: Arquivo/ O Diário)
Prédio do antigo sanatório, hoje Hospital Dr. Arnaldo Pezzuti, foi criado em 1928. (Foto: Arquivo/ O Diário)
Prédio do antigo sanatório, hoje Hospital Dr. Arnaldo Pezzuti, foi criado em 1928. (Foto: Arquivo/ O Diário)

DANILO SANS
Criado em maio de 1928 como um dos mais modernos leprosários do mundo, o Asilo Colônia Santo Ângelo, atual Hospital Doutor Arnaldo Pezzuti Cavalcanti, em Jundiapeba, agora é um bem tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). O local, que já funcionou como um espécie de cidade isolada do resto do mundo, hoje é administrado pela Secretaria de Estado da Saúde, abrigando um hospital de retaguarda e uma clínica de reabilitação para dependente químico.

A Secretaria de Estado da Cultura lembra que o estudo de tombamento do Asilo Colônia Santo Ângelo foi iniciado em 2014. O local, no passado, funcionou quase como uma cidade autossuficiente, com dezenas de construções. A Pasta não especifica quais estruturas foram de fato tombadas, nem diz se toda a área do antigo centro de internação compulsória está agora sob proteção do Conselho.

O Condephaat ressalta que o tombamento se trata de um reconhecimento público da representatividade do antigo leprosário como patrimônio cultural do Estado de São Paulo. Segundo o Conselho, o tombamento deve preservar a lógica arquitetônica e territorial de isolamento da saúde pública no Brasil e no mundo. A partir de agora, todas as eventuais intervenções no local precisarão ser previamente analisadas e aprovadas pela entidade.

Conforme conta a assistente social Marilene Moreira Feliciano, em sua tese de mestrado apresentada para a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, a transferência de pacientes com hanseníase do antigo Hospital Guapira para o Santo Ângelo foi feita em jardineiras de quatro bancos, cobertas com cortinas laterais para não incomodar a sociedade com a presença dos doentes.

Na época, os hansenianos foram excluídos do convívio social e confinados na colônia. O sistema administrativo do hospital era bastante fechado e rigoroso – quando alguém fugia do local, se capturado com vida era jogado na cadeia, onde permanecia de três meses a um ano. Havia, inclusive, um pavilhão infantil. Na escola que atendia as crianças, o professor e o assistente também eram pacientes do hospital.

Além das acomodações para pacientes, com pavilhões específicos para homens, mulheres, doentes psiquiátricos e famílias, o Santo Ângelo também precisava ser autossuficiente para satisfazer as necessidades do medo social e do isolamento e, portanto, contava também com posto policial, depósitos, padaria, laboratório, cadeia, cemitério, necrotério, lavanderia, hortas e pomares, estábulo, oficina mecânica de costura e carpintaria, comércio interno, casa de força, farmácia, cine-teatro, pequenas indústrias, templos religiosos, escolas, espaços para a prática de esportes, entre outras construções.

Fonte:O Diário de Mogi