sábado, 9 de fevereiro de 2013

Bomba relógio CDP está sem médico há um ano


Bomba relógio
CDP está sem médico há um ano
Secretaria de Administração Penitenciária disse que irá enviar médicos somente após o concurso público
Noemai Alves
Da Reportagem Local
Daniel Carvalho

CDP de Mogi: com capacidade excedente de mais de 1.200 presos, está sem atendimento médico
O Centro de Detenção Provisória (CDP) de Mogi das Cruzes possui, atualmente, 1.988 presos, segundo levantamento da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). São, portanto, 1.220 presos acima da capacidade do complexo de mais de 6,2 mil metros quadrados de área e que foi construído em 2002 para comportar 768 detentos à espera de julgamento. Contudo, o dado mais alarmante da precária situação do CDP de Mogi foi descoberto nesta semana pela Comissão de Direitos Humanos da 17ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): há mais de um ano, não existe médico plantonista para prestar pronto atendimento ou ações preventivas aos presos.

"É uma bomba relógio de saúde pública, que pode explodir a qualquer momento", afirma do presidente da OAB de Mogi, Marcelo Inocêncio. Na avaliação dele, além dos próprios detentos, também correm grave risco de saúde os agentes carcerários, demais funcionários do CDP e também advogados.

"A mais simples doença contagiosa que for contraída por um preso no CDP, como por exemplo, tuberculose, vai se alastrar pelo complexo feito pólvora, colocando em risco todos que estiveram por lá", completa Inocêncio, prometendo nos próximos dias encaminhar ofícios solicitando providências à SAP e também à Prefeitura. "Tivemos informações de que o governo do Estado estava prestes de celebrar convênio com a Secretaria Municipal de Saúde para envio de profissionais do município até o complexo. Contudo, por razões ainda desconhecidas, isso não ocorreu. É um absurdo porque se passaram mais de 12 meses e nada foi feito", completou Inocêncio.

Procurada, a Assessoria de Imprensa da SAP confirmou a falta de profissionais no complexo prisional de Mogi das Cruzes e prometeu enviar médicos, após o término do concurso público a ser realizado pelo governo do Estado. 
Entretanto, até o fechamento desta edição, não foi informado um prazo para que isso aconteça.

O secretário municipal de Saúde, Paulo Villas Boas de Carvalho, confirmou o recebimento de uma solicitação do governo do Estado, mas que o convênio não pode ser firmado. "Gostaria de poder colaborar, mas lamento não poder atender a solicitação neste momento. Assim como o Governo do Estado, o município também enfrenta dificuldades para a contratação de médicos sem concurso público e o remanejamento dos profissionais que atuam nas unidades de saúde prejudicaria o atendimento", disse por meio de nota, encaminhada pela Coordenadoria de Comunicação Social.


Histórico 
Não é de hoje que o CDP é alvo de críticas por problemas de superlotação e de infraestrutura. Em dezembro passado, mulheres de presos denunciaram ao Mogi News problemas e abandono no local, como lixo espalhado e detentos maltratados. Um agente penitenciário foi espancado. Ele fazia a contagem dos presos e, após uma discussão, acabou levando socos, chutes e golpes com bancos de madeira na cabeça. De acordo com o boletim de ocorrência, registrado no 3º Distrito Policial, na área onde começou a confusão, fica a sala onde os detentos produzem bolas de futebol e pregadores de madeira, por isso, há cadeiras no ambiente. A direção do CDP fez o primeiro socorro à vítima e encaminhou os presos para as suas celas. O funcionário foi levado com muitos ferimentos na cabeça ao Hospital Luzia de Pinho Melo.

Fonte:Mogi News