quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Boca no trombone Birra infantil! Dr Paulo Passos


Boca no trombone
Birra infantil!

Paulo Passos
Reconhecendo a luta insana do advogado pela manutenção do estado democrático de direito, o Poder Legislativo mogiano tem honrado aos causídicos com o título de "Advogado do Ano".

Cumprindo o ritual que já se torna tradição e representando todos os operários que labutam nesse campo tormentoso em que as paixões afloram, as dores são constantes, a alegria escasseia, Fátima Couto Sebata, na sexta-feira última, disse presente à solenidade acontecida na Casa de Leis local.

Profissional conhecida e experiente que, em razão de sua história de aguerrido e incansável combate às injustiças; da forma honrada com que exerce o mister, verdadeiro sacerdócio, que escolheu por profissão; teve tais virtudes reconhecidas e foi brindada com o honroso título.

O número de amigos e companheiros a prestigiá-la, se não enorme, foi o suficiente para demonstrar a união de uma classe tantas vezes distante. De se lamentar, no entanto, que a diretoria da subsecção local, alheia ao sucesso daquela por ela mesma escolhida; com educação que deixa a desejar em relação aos edis que não medem esforços em prestigiá-la; simplesmente tenha faltado à noite de festas, se omitido ao feliz congraçamento.

Pano de fundo da inábil posição, tudo faz crer, um patrulhamento ideológico unido à tola zanga de criança mimada. 
O patrulhamento - infelizmente comum neste país que ainda conserva ranços ditatoriais - porque a advogada em questão, não aderindo aos desmandos provocados pelo presidente que saí; não comungando com o uso da instituição à qual pertence como trampolim para saltos pessoais em busca da fama, almejando renovação urgente de filosofia e princípios, aderiu à campanha de chapa opositora nas recentes eleições.

Ficou no ar o cheiro de: "Não comungou de minha filosofia não merece contemplação". A ciumeira, a birra infantil, porque, consciente dos desmandos apontados, os eleitores sufragaram o nome de Marcelo Inocêncio - do qual Fátima é vi-ce - como a vencedora, deixando à distância a apoiada pela situação.

Portanto, aos que, como eu, pensavam que a Ordem dos Advogados na cidade era apenas nau sem rumo, fica a impressão de que, além disso, é gerida por grupo revanchista, que nem de passagem se preocupou em honrar as tradições que têm enaltecido a instituição.

Afinal, se os fatos se deram pelos motivos alinhavados, como se dizer democrata aquele que não aceita o não como resultado das urnas? Como se proclamar defensor de direitos o que rejeita a ampla liberdade de pensamento? Como se tachar de democrata o que não admite oposição?
Embora o lastimável episódio, parabéns Fátima! É o que lhe desejam os leves de espírito e conhecedores dos caminhos difíceis do Direito. Principalmente os mais velhos, como eu.


Paulo Passos, é advogado, mestre e doutor em Direito pela PUC-SP

Fonte:Mogi News