Boca no tromboneA OAB contaminada
Fábio Simas
Depois de três anos sem fazer nada em prol da advocacia, eis que a atual direção da OAB Mogi, como em um passe de mágica, anuncia a instalação de uma sede regional da Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo (Caasp).
Não resta a menor dúvida sobre os benefícios que sobrevirão no campo assistencial aos advogados e estagiários e seus respectivos dependen-tes - aliás, deveria ter sido instalada há muito tempo. O que incomoda, porém, é ver que, de tanto ser utilizada como trampolim político, desfigurada em um comitê eleitoral, a OAB está contaminada por práticas eleiçoeiras, tão demagógicas que envergonhariam até mesmo Odorico Paraguaçu.
No intuito de conquistar uns votinhos nas eleições que a classe realizará em novembro, seus diretores não se envergonham em fazer uma sessão solene para, com toda a pompa e circunstância, lançar a maquete do prédio que abrigará - só acredito ven-do! - a Caasp.
Dias atrás, gastaram uma dinheirama para prestar homenagens a alguns que de uma forma ou de outra contribuíram para a conquista do novo Fórum Distrital de Brás Cubas. Não que as pessoas que foram lembradas não mereçam, pelo contrário, são dignas de todo louvor, entretanto, diante da realidade, tal honraria deveria ser deixada para um segundo momento, pois não se pode admitir que a 17ª Subseção tenha despesas na confecção de diplomas de Honra ao Mérito enquanto as salas dos advogados dos Fóruns estão com suas estantes cheias de códigos desatualizados e, portanto, imprestáveis. Isso para não falar nas cerimônias para a entrega das carteiras dos novos advogados, cujo propósito, infelizmente, não é outro senão o de dar cartaz para futuros candidatos à presidência.
Fatos como esses denunciam que aqueles que estão à frente da entidade usam-na como plataforma para alcançar seus objetivos pessoais, e, agora, às vésperas das eleições de classe, não têm o mínimo pudor em protagonizar cenas para lá de constrangedoras.
A OAB é muito mais do que um palanque eleitoral; muito mais do que um item para inflar egos ou enriquecer currículos de quem, embora inscrito, nem sabe o que advogar; é muito mais do que um púlpito para se granjear meia dúzia de clientes ou privilegiar um determinado segmento; é muito mais do que uma fotografia exposta na parede para a posteridade. É, antes de tudo, a casa do advogado e que deve servir a este na busca de soluções para as contrariedades do dia a dia da profissão e na construção de uma advocacia forte e respeitada. Contudo, enquanto seus diretores continuarem perdidos em solenidades oportunistas, sacrificando valores e princípios, para acomodarem-se às circunstâncias, tais propósitos estarão cada dia mais distantes...
Fábio Simas, é advogado e colabora toda quarta-feira com esta coluna
Fonte:Mogi News
