terça-feira, 17 de abril de 2012

Comissão decide investigar Ideli Salvatti, a conduta da ministra da Secretaria de Relações Institucionais



ESTRATÉGIA Ideli Salvatti divulgou nota ontem com uma espécie de “nada consta” em sua defesa 


AE


BRASÍLIA
A Comissão de Ética Pública da Presidência da República instaurou ontem 
procedimento para investigar a conduta da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, no episódio envolvendo a compra de 28 lanchas-patrulha. A comissão também colocou na berlinda outro interlocutor próximo de Dilma: os conselheiros decidiram cobrar mais explicações sobre os negócios de consultoria do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.


Conforme informou o jornal "O Estado de S. Paulo", as lanchas-patrulha foram encomendadas por R$ 31 milhões pelo Ministério da Pesca - parte da conta foi paga na gestão de Ideli. O jornal também revelou que o dono da fabricante das lanchas, a Intech Boating, doou a pedido do ministério, após o contrato firmado, R$ 150 mil ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina, que bancou 81% dos custos da campanha derrotada de Ideli ao governo catarinense.


De acordo com o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, Ideli já se antecipou e deu explicações sobre as compras das lanchas. "Está em fase preliminar. Ela apresentou esclarecimentos voluntariamente. Recebi o memorial do seu advogado, ainda não li, o relator (Américo Lacombe, nomeado pela presidente Dilma Rousseff em março passado) é que está examinando o caso", disse Pertence.


Os conselheiros devem decidir depois dessa investigação prévia se abrem um processo de apuração ética contra Ideli, informou Pertence. A próxima reunião da comissão está marcada para 14 de maio.


Questionado se a comissão também apuraria a conduta de um assessor de Ideli, Olavo Noleto, suspeito de ter conexão com o grupo do contraventor Carlinhos Cachoeira, Pertence respondeu: "Esse assunto aquático... só entrou o Ministério da Pesca".


Após a reunião, Pertence teve um rápido encontro a portas fechadas com um advogado de Ideli, que teria protestado com os termos "acolher a representação" e "investigação" usados pela imprensa para noticiar o caso. Pressionado, o presidente da Comissão de Ética fez questão de diferenciar os termos.


"O processo relativo à ministra Ideli está nessa fase preliminar, não acolhemos nada, nem começamos a investigar coisa nenhuma. O relator está examinando e provavelmente na próxima reunião se terá essa decisão liminar de abrir ou não processo. A denúncia está recebida", afirmou Pertence, referindo-se a representação apresentada pelo PSDB. O advogado também foi flagrado conversando com o conselheiro Fábio Coutinho, o que levou auxiliares a fecharem a porta.


A resolução 10, de 29 de setembro de 2008, diz que o procedimento preliminar compreende juízo de admissibilidade, relatório, incluindo diligência, e decisão preliminar determinando o arquivamento ou a conversão em processo de apuração ética. Na semana passada, a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara aprovou convocação para a ministra falar sobre o episódio das lanchas.


Ideli divulgou nota ontem com uma espécie de "nada consta" em sua defesa, dada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as denúncias envolvendo a compra das lanchas.


Fonte:O Diário de Mogi