quarta-feira, 28 de março de 2012

Corte de verbas Estado reduz recursos de hospitais


As unidades que são gerenciadas por Organizações Sociais são as que tiveram a maior queda de receita
Noemia Alves
Da Reportagem Local
Oswaldo Birke

Hospital Luzia de Pinho Melo terá menos recursos; queixas sobre o atendimento têm sido comuns
A Secretaria de Estado da Saúde está promovendo cortes nos recursos de hospitais no Alto Tietê. A denúncia apresentada ao Mogi News no início da semana por servidores estaduais e comprovada por deputados, prefeitos e secretários municipais da região, indica uma redução média de 10% a 20% nos recursos destinados aos hospitais da região desde o início deste ano. 
As unidades gerenciadas por Organizações Sociais, as chamadas OS, são as que tiveram a maior queda de receita. É o caso do Hospital Luzia de Pinho Melo, um hospital de média a alta complexidade, instalado em Mogi, mas referência para casos emergenciais de traumatismo (vítimas de fraturas), oftalmologia, cirurgia geral, de tórax, coração, entre outras, que teve o orçamento de R$ 98,8 milhões, inicialmente previstos para este ano, reduzido em 10%. Com isso, o Luzia vai receber pouco mais de R$ 88 milhões para prestar os mesmos serviços. O motivo para o corte não foi explicado pelo governo do Estado, que, aliás, nega a redução.


O prefeito de Mogi, Marco Aurélio Bertaiolli (PSD), que, constantemente, tem se reunido com o secretário estadual de Saúde, Giovanni Guido Cerri, para discutir o futuro dos pacientes com câncer no município, entre outras questões, confirmou a notícia da queda de corte nos recursos. "Há um problema generalizado na saúde da região, em que muitos hospitais estão restringindo o atendimento, em razão da redução de recursos da Secretaria de Estado da Saúde. Essa é uma informação preocupante, que chegou ao nosso conhecimento há pouco tempo", disse. 
O secretário municipal de uma cidade da região, sob anonimato, comentou que além dos 10% no Luzia de Pinho Melo, houve redução também no contrato entre a Secretaria de Estado com o Hospital Santa Marcelina, em Itaquá, que, por sua vez, restringiu o atendimento. "É por isso que a unidade, diariamente, envia comunicado aos hospitais e Santas Casas avisando que não irá receber pacientes e que está com falta de algumas especialidades. Como é um contrato por prestação de serviços, reduz a verba, então, reduz o serviço", contou. 
"É por isso que há superlotação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da Santa Casa de Mogi das Cruzes e demora no atendimento no Hospital Luzia de Pinho Melo", comentou o deputado estadual Luiz Carlos Gondim Teixeira (PPS), que diz ter sido notificado do "corte de custos" ontem. 
Ele, que é integrante da Comissão Parlamentar de Saúde da Assembleia Legislativa, solicitou ao presidente do grupo, deputado Marcos Martins (PT), vistoria nos hospitais da região. "É preciso verificar o problema ´in loco´, saber do atendimento, do problema de funcionários e também dessa questão dos gastos e da redução do orçamento. Isso é muito preocupante. A saúde do Alto Tietê está entrando em colapso", afirmou. 


Negativa
Em nota encaminhada pela Assessoria de Imprensa, a Secretaria de Estado da Saúde disse que "é absolutamente mentirosa e sem fundamento a informação de corte nos repasses realizados para os hospitais estaduais da região do Alto Tietê". 
Como argumento, diz que, em 2011, os hospitais estaduais, instalados na região (Luzia de Pinho Melo, Ferraz de Vasconcelos e Santa Marcelina de Itaquaquecetuba) receberam repasse de R$ 241,3 milhões, ao todo, para custeio e investimentos. Em 2012, o repasse previsto é de R$ 254 milhões "Portanto, não houve corte, e sim aumento. E os orçamentos dos hospitais ainda podem ser suplementados ao longo do ano. É importante salientar que os investimentos e custeios realizados nos hospitais estaduais da região são financiados integralmente pela Secretaria, sem nenhuma contrapartida financeira dos municípios do Alto Tietê", diz a nota.


Fonte:Mogi News