terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Proibidos, trotes voltam às ruas



CENa Calouros pedem dinheiro aos motoristas a mando de veteranos


IVAN CARVALHO
Especial para O Diário
As aulas já começaram nas duas universidades de Mogi das Cruzes e, apesar de proibidos, trotes são aplicados em semáforos próximos às instituições. Às vezes, a brincadeira se transforma a agressão e humilhação, como ocorreu em 2010, quando calouros do curso de Medicina da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) foram obrigados a ficar com fígado de boi estragado na cabeça. O recado no muro do sítio onde aconteceu a festa, era claro: "Se chorar, vai ser pior". No centro do problema estão as próprias instituições, que proíbem o trote dentro de suas dependências, no entanto, eles acabam sendo realizados do lado de fora, mas próximo aos muros acadêmicos.


Ontem, perto do Mogi Shopping, 10 veteranos coordenavam o primeiro "pedágio" do ano. Mais de 40 calouros do curso de Direito da Universidade Braz Cubas (UBC) pediam dinheiro aos motoristas que aguardavam a abertura dos semáforos nas mediações. Segundo Maria Júlia Andery, aluna do 6º semestre, o trote é realizado pela Atlética Rio das Cobras e serve para arrecadar fundos para os Jogos Universitários de Direito, assim como para a festa de boas-vindas aos alunos recém-chegados. "O dinheiro será utilizado na compra de uniformes e outros equipamentos. No ano passado, fomos campeões e toda nossa verba foi adquirida pelos calouros", explicou.


Na contra-mão dos veteranos está a aluna Thais Takeuchi, 17 anos. Para ela, que ingressou este ano na universidade e participava do ‘pedágio’ ao lado de seus colegas, é vergonhoso pedir dinheiro nos semáforos. "É uma brincadeira chata, mas faz parte da recepção e não há humilhação", disse.


A UBC proíbe qualquer tipo de trote dentro de suas dependências. De acordo com José Maria da Silva Júnior, responsável pela comunicação e marketing da instituição, a punição para quem realizar esta prática pode chegar à expulsão do aluno. "É um momento especial para os calouros. Ingressar na universidade é de fato uma grande festa para a maioria. Muitos gostam e querem participar dos trotes. O que sempre fazemos é conscientizar os veteranos e calouros sobre as regras, com atividades culturais e trotes beneficentes. Há muitos anos não temos nenhum registro de violência e humilhação. Trote já é uma coisa do passado", comentou.


Por meio de uma nota, a UMC informa que "para evitar qualquer tipo de intervenção inadequada junto aos novos alunos pelos veteranos, são promovidas campanhas de conscientização e incentivo ao chamado trote solidário. Essas ações ocorrem junto às comunidades, tanto em Mogi, quanto em São Paulo, mediante arrecadação e doação de alimentos, visitas a asilos e orfanatos, além de orientação à população sobre alguns tipos de doença, entre outras".


Ainda de acordo com a instituição, os alunos são orientados, previamente, que ações e atos inadequados não serão tolerados e sanções disciplinares, que podem ir desde suspensão até o desligamento do corpo discente, serão rigorosamente aplicadas em caso de ocorrência de trote violento. Reuniões com representantes dos centros acadêmicos, atléticas e de salas de aula são realizadas para reforçar estas medidas.




Lei


A Lei Municipal 5.492, de autoria do vereador Benedito Faustino Taubaté Guimarães (PMDB), proíbe os trotes estudantis, cuja prática empregue violência, grave ameaça ou constrangimento, em todo o município. Ao infrator, está prevista multa de 1.000 Unidades Fiscais de Referência (Ufirs), sem prejuízo das sanções cíveis e criminais e das punições aplicadas pelo estabelecimento de ensino em que o aluno está matriculado.


Fonte:O Diário de Mogi