terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Estado confirma falha em hospital


DANILO SANS
A Secretaria de Estado da Saúde confirmou a denúncia de irregularidades nas prestações de serviços realizados pelo Hospital do Câncer Doutor Flávio Isaías Rodrigues. Questionada sobre os argumentos apresentados pela direção do serviço mogiano, a Pasta reiterou a lisura do relatório de auditoria que aponta ilegalidades em pelo menos 87 dos 103 prontuários de pacientes. A análise, conforme esclarece a resposta encaminhada por e-mail a O Diário, "foi realizada ao longo de seis meses, por uma equipe técnica com experiência em convênios com instituições privadas para prestação de serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) e que não seria possível que houvesse "equívocos" em 85% dos prontuários".


Em relação à acusação de desvio de pelo menos R$ 20 milhões, a Pasta afirma se tratar de um valor estimado, "uma vez que desde 2008, a Secretaria repassou R$ 26 milhões para o centro oncológico de Mogi e, na auditoria, verificou irregularidades em 85% dos prontuários".


É importante ressaltar que os R$ 20 milhões, de acordo com o que já havia dito a própria Secretaria, teriam sido desviados apenas nos dois últimos anos. Até então, não havia nenhuma menção sobre o período anterior a 2010.


Entre as principais acusações, estão ainda: cobrança de dinheiro a pacientes atendidos pelo SUS; duplicidade de cobrança ao SUS e a empresas de planos de saúde por um mesmo tratamento; preenchimento de autorizações de internações e procedimentos médicos de alto custo com valores acima do tratamento efetivamente realizado; além de tratamentos experimentais sem o pleno conhecimento do paciente. O relatório deverá ser encaminhado ao Ministério da Saúde em um processo de solicitação de descredenciamento do hospital para atendimentos via SUS.


Na última quinta-feira, a direção do hospital convocou a Imprensa para explicar ponto a ponto as acusações do Estado. Na ocasião, o diretor clínico da unidade, Flávio Isaias Rodrigues, chegou a dizer que os problemas se encontram na esfera "política" e não técnica.


O gerente administrativo do centro oncológico, Alvaro Otávio Isaias Rodrigues (filho de Flávio Isaias) chegou a desqualificar a auditoria feita pelo Estado ao dizer que as acusações só podem ser fruto de "perseguição política ou feitas sem base alguma".


Alvaro diz que é impossível que o hospital tenha desviado R$ 20 milhões dos cofres públicos, uma vez que o repasse feito durante os dois últimos anos sequer atingiu essa cifra. De acordo com ele, para fraudar esse montante, seriam preciso dois anos de "atendimento fantasma".


Sobre a cobrança por um tratamento de alto custo em processos menos complexos, Alvaro explica que isso se deu por decisão dos médicos, motivada por alguma mudança durante o próprio procedimento.


Alvaro rebate as acusações de cobrança em duplicidade dizendo se tratar de equívocos dos próprios auditores, uma vez que o paciente internado sob a responsabilidade do plano de saúde - e que precisou fazer algum procedimento não coberto pelo seguro - teve esse processo específico pago pelo SUS.


Entretanto, o Estado garante que a denúncia é sobre a cobrança dupla pelo mesmo procedimento e não sobre procedimentos diferentes, como argumenta o hospital.


Fonte:O Diário de Mogi