domingo, 1 de janeiro de 2012

Dilma mira gestão eficaz em 2012

BRASÍLIA

Doze meses depois de subir a rampa do Planalto como herdeira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff chega ao segundo ano de mandato com o desafio de construir uma marca de governo que vá além da "faxina" administrativa. Após enfrentar uma temporada de sobressaltos políticos, que culminaram com a queda de sete ministros, ela vestiu figurino mais popular, ganhou apoio na luta contra a corrupção, mas tropeçou na gestão do governo.


Na tentativa de desatar os nós que amarram os investimentos, Dilma vai remodelar a Casa Civil, redistribuir tarefas e turbinar os programas sociais. A construção da imagem de "mãe dos pobres" também já está em andamento. No Planalto, Dilma virou a "Evita de tablet", uma referência bem-humorada a Evita Peron, primeira-dama da Argentina de 1946 a 1952.


"Como é que eu faço para ir até ao alambrado cumprimentar o povo?", pergunta ela com frequência, agora, nas viagens pelos rincões do País. Mais solta e menos carrancuda, Dilma parece encarnar a mãezona no contato com a população. Mas é o seu inseparável iPad a testemunha silenciosa das broncas federais.


"Você não sabe nada disso!" e "Esse projeto não para de pé" são os bordões preferidos da presidente, na hora do pito. Quem a acompanha há muito tempo sabe até decifrar sinais: o primeiro gesto de fúria aparece quando ela cruza os braços e chama o interlocutor de "meu querido".


Implacável nas cobranças, Dilma tem agora mais uma aflição: o agravamento da crise internacional e seu impacto sobre a economia. Diante do cenário de incertezas, ela fará corte drástico de despesas, apesar da pressão por gastos neste ano eleitoral.


Ao menos por enquanto, porém, a ordem é para acelerar o programa Brasil Sem Miséria e ações destinadas aos mais carentes. Figuram nessa lista a criação de postos de cadastramento do cartão SUS para moradores de rua e a construção de cisternas no plano Água para Todos.


"Eu tenho compromisso ético e moral com os pobres deste País", disse a presidente. "Se fracassar nesse compromisso, terei fracassado em minha missão."


Escolhida para administrar o espólio de Lula, o "pai dos pobres", Dilma reforça cada vez mais, em seus discursos, os laços com o padrinho. No Planalto, porém, a avaliação é a de que os quatro fóruns de gestão do governo, lançados em 2011 (Desenvolvimento Econômico, Infraestrutura, Desenvolvimento Social e Direitos e Cidadania), não funcionaram. Pior: programas ali discutidos acabaram ofuscados por uma crise atrás da outra.


Prestes a promover uma reforma ministerial, após demitir seis auxiliares sob suspeita de corrupção e um por incompatibilidade política, a presidente quer que a Casa Civil volte a ter musculatura como na época em que ela a comandou, de 2005 a 2010.


Preocupada com a gerência das ações de governo e, sobretudo, com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que não deslancha, Dilma encomendou um estudo à Câmara de Gestão. Quer melhorar a eficiência da máquina e enxugar estruturas "viciadas" nos ministérios.


Responsável pela coordenação da equipe, a Casa Civil foi desidratada quando Antonio Palocci assumiu o cargo. De lá saíram o PAC e outros programas importantes porque Palocci, homem forte do governo, tinha a tarefa de imprimir perfil mais político à articulação do Planalto.


Fonte:O Diário de Mogi