domingo, 9 de outubro de 2011

Na região Tráfico está no topo do ranking das internações da Fundação Casa

Especialista diz que novas gerações anteciparam fases na mesma época do surgimento de drogas pesadas
Jamile Santana
Da Reportagem Local
Maurício Sumiya

Bruno começou a usar drogas aos 13 anos e se tornou traficante; hoje está na fundação Casa
De janeiro a julho deste ano, 44% dos 366 adolescentes que deram entrada nas unidades da Fundação Centro de Atendimento Socieoeducativo ao Adolescente (Casa) de Arujá, Itaquaquecetuba (unidade I e II) e Ferraz de Vasconcelos (unidade I e II), estavam envolvidos com o tráfico de drogas. O índice já superou a média registrada durante todo o ano de 2010, quando 38,8% dos adolescentes internos haviam sido detidos por venda de entorpecentes. (Confira detalhes no quadro)
Em seguida está o roubo qualificado (planejado) com 38% dos casos, o mesmo percentual registrado em 2010. Segundo especialistas, o crime está diretamente relacionado com o tráfico de drogas e ao próprio uso de substâncias químicas. 
Para o especialista em segurança e pesquisador criminal, Jorge Lordello, O envolvimento de jovens de 10 a 18 anos com as drogas é crescente. Isto porque as novas gerações anteciparam diversas etapas da vida. "Atividades que eram feitas aos 16 anos, hoje se faz com 12. Garotos e garotas de 10 anos, já estão muito mais evoluídos intelectualmente do que as gerações passadas. Antecipando fases, antecipa-se também os problemas como o consumo de álcool e cigarro que começa hoje aos 12 anos. E quanto mais cedo os jovens tiverem acesso, mais dependentes teremos", considerou.


Outro fator pode explicar o crescimento estatístico: as novas gerações anteciparam fases da vida na mesma época do surgimento de drogas mais pesadas, como o crack que tem efeito devastador e alto índice de dependência já nos primeiros dias de uso. "O crack, por exemplo, é uma droga barata, mas o usuário acaba roubando e furtando para sustentar o vício, ou seja, é um ciclo vicioso", garantiu.


Além disso, sob o efeito de drogas que aumentam a incidência de endorfina no organismo, a prática de crimes, como roubo, é potencializada pela sensação de adrenalina adquirida pelo usuário.


"Esse usuário de droga se torna mais corajoso, pratica o assalto, e é uma verdadeira bomba-relógio´, explicou Lordello.




Educação
Para o interno da Fundação Casa de Itaquaquecetuba, unidade I, Bruno (nome fictício), de 17 anos, o envolvimento com o tráfico começou porque faltava estrutura, tanto familiar, quanto socioeconômica dentro de casa. Começou a usar drogas aos 13 anos, para ser aceito pelos amigos. Por influência deles, participou do primeiro assalto em Poá e foi apreendido na unidade da fundação no Brás. "Saí de lá pior do que entrei. Assim que tive a liberdade já fui traficar. Fiquei 11 meses vendendo drogas e ganhando muito dinheiro. Eu usava o dinheiro para manter minha casa, ajudar minha família", disse. Bruno conta que se recusava vender drogas para crianças. "Para mim faltou instrução para não usar, mas eu me recusava a vender para crianças. Aqui em Itaquá, estou fazendo vários cursos, e hoje enxergo um futuro diferente", contou.


Fonte:Mogi News