Grupo de ministros é criado para barrar conflitos agrários

REUNIÃO Integrantes do setor de agricultura discutem parceria com órgão espanhol em Brasília, ontem
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BRASÍLIA
Apesar de a presidente Dilma Rousseff ter incumbido o presidente em exercício, Michel Temer, para coordenar uma reunião com objetivo de que fossem desencadeadas ações de governo para evitar novas mortes no campo e ampliar as investigações, na prática, pouco foi feito ontem. Após a reunião convocada por Temer, na vice-presidência, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, em entrevista, anunciou apenas a convocação de governadores para a realização de ações conjuntas, que ainda não têm data para ocorrer.
Também não foi realizada a reunião do grupo interministerial. Ele ia ser criado para acompanhar investigações sobre as mortes de líderes agrários, particularmente das últimas quatro mortes no campo, e definir a atuação de cada órgão no combate à criminalidade na região, prevista para a tarde de ontem.
Da mesma forma, a criação de uma área sob limitação administrativa provisória (Alap), via decreto, que funcionaria como uma espécie de intervenção federal em áreas do Acre, Amazonas e Rondônia não foi anunciada e só será discutida com a presidente, que estava hoje no Uruguai. "Debatemos o assunto. Diligenciamos estudos técnicos sobre isso que estarão sendo desenvolvidos ao longo do dia e outras providências virão à mesa para decisões no dia de amanhã", declarou o ministro Florence explicando que os subsídios estão sendo providenciados.
O ministro interino da Justiça, Luiz Paulo Barreto, avisou que o governo federal decidiu "retomar" as operações Arco de fogo, contra o desmatamento e para coibir extração de madeira e os delitos relacionados ao corte irregular na Amazônia Legal e Arco Verde, com ações de sustentabilidade para o desenvolvimento da economia sustentável da região.
Florence justificou o fato de as ações estarem sendo retomadas agora, depois de passados cinco meses de início do governo, alegando que "houve transição de governo, início de mandato e nós já tínhamos decisão de continuidade de implementação e hoje (ontem) pela manhã estamos tomando providência e hoje (ontem) à tarde diligência de operações".
Questionado sobre a possibilidade de o governo oferecer proteção policial a outros ameaçados, como os líderes rurais que morreram na semana passada, Luiz Paulo Barreto disse que os casos mais críticos serão avaliados. "Vamos estudar e intensificar a proteção às pessoas que estão sendo mais ameaçadas", disse o ministro da justiça. Ontem, a Comissão Pastoral da Terra deve apresentar à Secretaria de Direitos Humanos a lista dos líderes que estão sob ameaça.
O ministro interino da Justiça anunciou que vai ter apoio do governo federal para ações de manutenção da ordem e investigação dos assassinatos. Luiz Paulo negou que a redução de recursos tenha impactado a fiscalização da região.
De prático, o ministro Florence anunciou que o Diário Oficial publicou a liberação de R$ 508 mil para gastos de diárias e deslocamento de pessoal do Ministério do Desenvolvimento Agrário para as áreas onde ocorreram os assassinatos nos últimos.Fonte:O Diário de Mogi