segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

CNT propõe ligação hidroviária


MARA FLÔRES

Uma nova alternativa para o transporte de cargas. Essa é a proposta para a abertura de um canal navegável interligando os rios Tietê e Paraíba do Sul, no trecho entre Mogi das Cruzes e Jacareí, listada pela Confederação Nacional de Transportes (CNT) no recém-lançado Plano CNT de Transporte e Logística 2011, que apresenta 748 projetos considerados essenciais para a infraestrutura de transporte no País e que já tramitam em alguma esfera governamental. Considerada audaciosa, mas não fantasiosa, a ideia é estimada em pelo menos R$ 215 milhões e é bem vista pelos prefeitos de Mogi das Cruzes, Marco Aurélio Bertaiolli (DEM), e de Suzano, Marcelo Candido (PT), respectivamente presidentes do Comitê e do Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, órgãos voltados à conservação do principal rio de São Paulo. A proposta ganha mais fundamento, ainda, diante do Plano Estadual de Recursos Hídricos, que aponta que o trecho do Tietê, de Barra Bonita até Mogi das Cruzes, cortando a Região Metropolitana, é potencialmente navegável. Diante disso, o próprio Governo do Estado tem estudos para a implantação de um hidroanel metropolitano, que interligaria as represas Billings, em São Bernardo do Campo, e Taiaçupeba, na divisa de Mogi e Suzano, numa extensão de 25 quilômetros, também destinada ao transporte de cargas.
"Ainda não conheço mais detalhes, mas a CNT apresentando o projeto, vamos fazer o que for necessário para facilitar e apoiar a proposta. Tenho brincado que, se preciso, vamos disputar até campeonato de bolinha de gude para defender melhorias para a nossa Cidade", dispara o prefeito Bertaiolli. "Mas temos de ver o que é preciso para que essa ideia se torne realidade sem impactos negativos", acrescenta.
O prefeito Candido ressalta que o projeto não é fantasioso principalmente porque a navegação tem ganhado força como uma importante solução para o escoamento da produção e a Região se destaca, ainda, por conta da facilidade de articulação com os sistemas rodoviário – prestes a ser contemplado pelo trecho leste do Rodoanel – e ferroviário. "Parece muito interessante, mas creio que seja uma proposta de longo prazo, pois demandará um completo estudo de viabilidade junto à calha do Tietê e dos seus afluentes, além dos aspectos ambientais, que exigirão licenciamentos", pondera.
Assim como o sistema ferroviário vem, nos últimos anos, ganhando novamente força como alternativa para o escoamento de cargas, as autoridades também têm focado no sistema hidroviário, cujo reforço é contemplado em diversos projetos aprovados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2). Além do alívio na problemática estrutura rodoviária, o transporte pela água é apontado como mais econômico até mesmo em relação ao trem. Para efeitos de comparação, uma barcaça pode levar até 1.500 toneladas, o que representa o volume transportado por 60 carretas ou por 15 vagões de trem.
"A melhoria da qualidade da infraestrutura requer uma visão abrangente da logística de transporte. Precisamos crescer e isso exige que todos os modais cresçam simultaneamente e de forma integrada. É nisso que o transportador aposta", afirma o presidente da CNT, Clésio Andrade.
No caso da abertura do canal navegável entre os Rios Tietê e Paraíba do Sul, cujo primeiro contato dos mogianos se dá na vizinha Guararema, a CNT justifica a proposta na necessidade de otimização operacional do tráfego hidroviário e prevê a construção de garagem de espera a montante e a jusante da eclusa – uma espécie de comporta que permite que barcos subam ou desçam rios em locais onde há desníveis, como em barragens. Neste ponto, Mogi tem três grandes represas no seu território (Biritiba Mirim, Jundiaí e Taiaçupeba). E já há obras do Estado para construção de uma eclusa na Barragem da Penha, que está muito próxima da Região. Além de empresas de construção, a própria Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) é cotada para usar o Rio Tietê no transporte do lodo das estações de tratamento, como a que funciona em Suzano.

Fonte: O Diário de Mogi