segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

TRIO DE FERRO




TRIO DE FERRO 
A inauguração conjunta do Terminal Estudantes e do Parque Botyra Camorim Gatti, ocorrida ontem, parece ter antecipado o cenário eleitoral de 2012. Há um pacto triplo evidente entre o prefeito Marco Bertaiolli (DEM), pré-candidato a reeleição, e os deputados federais que tomam posse na terça-feira, Junji Abe (DEM) e Valdemar Costa Neto (PR), o Boy.


Nunca antes
Se, já havia algum tempo, pareciam claras as concordâncias de Junji e Boy em torno das pretensões eleitorais de Bertaiolli, agora há uma confirmação em razão do elo que não só liga política e administrativamente Bertaiolli aos dois, mas também os dois - desde 2004, desafetos - que ontem trocaram afagos públicos em cima do palanque da solenidade, como nunca haviam feito antes.


Aluninho 
Quem estendeu a mão foi Junji, ao dizer que, ao chegar à Câmara Federal, será "um aluno" de Boy, admitindo, assim, a larga experiência do republicano, que desde 1991 está no Congresso Nacional. Antes, o democrata fez referências elogiosas ao pai de Boy, o quatro vezes prefeito Waldemar Costa Filho, e acenou para um trabalho conjunto em Brasília. Boy, por sua vez, aceitou a pacificação e disse que estará em Brasília para o que Junji precisar.


Pontas ligadas
A ligação das duas pontas foi êxito político de Bertaiolli, desde há muito tempo ligado a Junji, mas também com livre trânsito com Boy. Em 2008, Bertaiolli foi candidato de Junji e teve um apoio importante mas silencioso de Boy. Em 2012, deverá haver uma ainda maior conjugação de forças políticas claramente empenhadas na reeleição de Bertaiolli. Em suma: abraçados, Junji e Boy estarão no mesmo palanque, pedindo votos para Bertaiolli.


O paletó 
Boy, por sua vez, confirmou a impressão de muitos que quanto mais velho fica, mais se parece com seu pai. Disse que, para agradar a mãe, dona Leila, atendeu a um pedido de última hora feito por ela, o de ir à inauguração vestido com um paletó que foi um presente materno há seis anos e que ele nunca havia usado. 
Daniel Carvalho


Barrigudo 
Com pressa, Boy vestiu o tal paletó por cima de uma camiseta e fechou os botões. Já na inauguração, com calor, pensou em abrir o paletó, mas desistiu. "Se fizesse isso, vocês iriam saber como eu estou barrigudo".


Por aclamação 
Voltando às perspectivas para 2012: o chapão que se forma em torno de Bertaiolli deve fazê-lo candidato único ou, pelo menos, dono da única grande candidatura. Fontes ligadas ao deputado estadual Luiz Carlos Gondim Teixeira (PPS) dão conta de que, diferentemente de 2004 e 2008, Gondim não deverá entrar na disputa, porque a balança pende demais para o lado contrário. Com o nome, o mandato e a votação de 2010 a zelar, seria bobagem ir para o confronto contra todos os grupos que cercam Bertaiolli.


Precedente 
Tal situação poderá lembrar 1972, quando o então candidato único Sebastião Cascardo, apoiado por Waldemar-pai, ganhou a eleição fazendo algo impensável: reuniu o apoio da Arena, partido que defendia o Regime Militar, e o MDB, a oposição permitida. 
Divulgação


PT por osmose 
Essa tendência deve ser reforçada se Bertaiolli e Junji forem para o PMDB, ao acompanharem a decisão do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), nas próximas semanas. Alinhados a Dilma Rousseff (PT), uma candidatura Bertaiolli poderá ter, sem qualquer resistência, um apoio do PT - que pertence à base governista federal -, do esclarecido Clodoaldo Aparecido de Moraes, a partir de uma costura por cima entre as legendas.


Negociação 
Diferentemente de 2004, quando o então presidente petista Iduigues Ferreira Martins se rebelou contra o método fórceps de apoio ao candidato do então PL, naquele momento Gondim, por insistência de Boy, agora, Clodoaldo não seria tão puritano. Em troca da eleição de diversos representantes na Câmara, a costura ganharia linha e agulha.


Botas do gigante 
Acompanhe, então, o raciocínio: com Junji; Boy; o PSDB de José Antonio Cuco Pereira; o PDT, de Odete Sousa; o PMDB como novo endereço dos democratas mogianos; o PV alinhado como sempre; o PTB vindo por osmose, a partir da determinação de Campos Machado; e o PSB, de Chico Bezerra, como falta de opção; um apoio ou neutralidade do PT; a decisão de não ir para o confronto de Gondim; nem Mário Berti colocará a cara. Talvez sobre só Inês Paz e o PSOL, como um Davi minguado e sem estrela a ser pisoteado pelo chapão Golias pró-Bertaiolli.