sábado, 17 de agosto de 2019

POLÊMICA: Secretário de Transportes de Mogi defende manutenção dos radares móveis na cidade

5 horas atrás4 min. - Tempo de leitura
Natan Lira
Natan Lira
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O secretário municipal de Transportes, José Luiz Freire de Almeida, defendeu na manhã de ontem a manutenção dos radares móveis em Mogi das Cruzes, em resposta ao pedido do vereador Diego Martins, o Diegão (MDB), que compartilha da mesma ideologia do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de retirar estes equipamentos das estradas. Nesta semana, Bolsonaro determinou a remoção dos fiscalizadores radares móveis de todas as rodovias federais. A decisão na cidade, porém, caberá ao prefeito Marcus Melo (PSDB).

Diegão vem, desde 2017, defendendo a retirada destes aparelhos da cidade. Na semana passada, sustentado na então proposta do governo federal, ele sugeriu a suspensão do serviço para análise da real necessidade. Segundo o vereador, a Secretaria Municipal de Transportes não realizou estudos para determinar os locais que receberiam este tipo de fiscalização e, além disso, o parlamentar ressalta que há outros recursos, como lombadas.

“Na avenida Francisco Rodrigues Filho, na altura do Botujuru, sempre tem radar, mas só para penalizar os motoristas, porque poderia ter colocado uma lombada. Na Perimetral, para quem vem da Mogi-Bertioga, nunca tem um radar móvel”, defende Martins. A via conta, no entanto, conta com radares fixos.

O secretário, por sua vez, rebateu a declaração de Diegão argumentando que a cidade deve fazer o controle do trânsito utilizando três recursos: educação de trânsito, sinalização e fiscalização.

“Os radares móveis ficam na Francisco Rodrigues Filho, João XXIII e Yoshiteru Onishi. Embora elas sejam bem sinalizadas, têm maior possibilidade de acidente porque o motorista consegue desenvolver velocidade e desrespeita a sinalização, além da grande circulação de pedestres. Com o radar fixo, o motorista reduz a velocidade em um trecho e depois acelera de novo”, destaca.

Dos três maiores municípios do Alto Tietê, Mogi das Cruzes lidera em mortes no trânsito, com 34 registros no primeiro semestre deste ano. Em seguida vem Suzano, com 19 e Itaquaquecetuba com 14. Para o vereador, isso mostra que novos estudos devem ser realizados na cidade para considerar a instalação de lombadas, faixas e radares fixos.

Para o vereador, “o radar móvel só aumenta a arrecadação. É uma penalidade ao motorista. Se você tiver um radar móvel de 40 km por hora, você às vezes nem sabe direito onde levou a multa, aí vai ficar com medo e querer andar só a 40 km”.

Já o secretário ressaltou que cabe ao prefeito a decisão sobre os radares, mas que enquanto secretário, ele não gostaria de correr o risco de retirar os equipamentos para ver o que vai acontecer. Para ele, há uma “banalização” das mortes hoje.

“Qualquer vida é muito significativa. Mogi faz um trabalho para diminuir o número de morte e já diminuiu em 11,76% os acidentes no primeiro semestre deste ano. Comparado com 2018, são quatro mortes a menos. As pessoas não capitalizam o número de acidentes que ocorrem nas vias, às vezes elas ficam sem trabalhar, os gastos são muito excessivos. Não pagaria para ver”, finaliza.

Estudos internacionais de trânsito mostram que se o pedestre for atingido por um carro a 30 km/h, a chance dele morrer é de 5%, a 50 km, esta probabilidade é de 45%, e já em 80 km esta previsão chega a 100%.

Até ontem, a Polícia Rodoviária Federal ainda não tinha informação de quando serão suspensos os radares móveis da rodovia Presidente Dutra, a única federal que corta o Alto Tietê.

Arrecadação com multas reduz no primeiro semestre

A Prefeitura de Mogi mantém contrato anual no valor de R$ 4,8 milhões, que engloba o funcionamento dos equipamentos de fiscalização eletrônica, processamento das autuações e operação do programa Barreira Eletrônica. Atualmente, a cidade conta com 15 radares fixos, sete barreiras eletrônicas de velocidade, cinco semáforos com fiscalizador e um radar móvel para atender três vias.

Considerando as autuações aplicadas por equipamentos eletrônicos, no primeiro semestre de 2019 houve redução de quase metade no valor arrecadado no comparativo com o mesmo período do ano passado. Os números passaram de R$ 4,4 milhões para R$ 2,5 milhões.

Segundo a Secretaria Municipal de Transportes, o valor arrecadado com autuações de trânsito não corresponde, necessariamente, ao número de autuações aplicadas, uma vez que muitos motoristas não fazem o pagamento no momento em que recebem a autuação, deixando para efetuá-lo no momento do licenciamento do veículo, o que pode ocorrer, dependendo do caso, no exercício posterior.

De acordo com a legislação federal, os recursos provenientes de infrações de trânsito devem ser utilizados em despesas públicas com sinalização, engenharia de tráfego e de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito.

Fonte:O Diário de Mogi