terça-feira, 23 de outubro de 2018

PROPOSTA: Márcio França e João Doria comentam a espera pelo Expresso Leste na região

19 de outubro de 20189 min. - Tempo de leitura
Eliane José

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Passageiros do trens da CPTM reivindicam mais viagens sem necessidade de baldeações na Estação Guaianases. (Foto: Arquivo)
Com 14 partidas diárias de Mogi das Cruzes a São Paulo, e vice-versa, a ampliação da grade de horários do Expresso Leste tão sonhada por Mogi das Cruzes determinaria aquilo que mais desconforta e indigna os moradores da Região do Alto Tietê: a baldeação obrigatória em Guaianases. Até essa estação, quem conseguiu um lugar para sentar, viaja um pouco mais tranquilamente. Os demais vão espremidos, e sujeitos aos conflitos causados pela superlotação registrada nesse ponto, a maioria dos horários de pico. Até ali, também, os usuários costumam viajar em trens mais novos. Depois, migram para as composições são mais antigas.

É uma viagem intranquila e, em alguns momentos, insegura, como observa o bancário Matheus de Miranda, que há sete anos trabalha na Capital e, somente há três meses, passou a usar os ônibus fretados.

Ele é exceção. A maior dos trabalhadores custa a ter opção de escolha, que significa “mais saúde e conforto”. O preço do transporte particular pesa 40% a mais do que o público, segundo as contas feitas pelo bancário que costumava chegar às 6 horas na estação Estudantes para conseguir um lugar no trem das 6h40. Sem acordar mais cedo, ele corria o risco de vir em pé e enfrentar as agruras sofridas por quem já está dentro do Expresso, em Guaianases, e precisa se apertar ainda mais para dar lugar a quem faz a baldeação, com destino à Estação Luz.

Foram as difíceis condições da baldeação para quem já está dentro do trem, e em pé, que levaram o jornalista Danilo Sans, a desistir do Expresso. “Não vou porque você se sente mesmo ‘entalado’, como se estivesse dentro de uma lata sem o mínimo espaço depois que o trem chega a Guaianases e os passageiros da região de Mogi das Cruzes também querem entrar. É um momento difícil”, conta.

Danilo faz a opção de seguir nos horários convencionais, e, assim como Mateus, acumula experiências ruins no trajeto de ida e volta. “São muitas pessoas e eu já vi briga, discussão, até gente passando mal, fazendo vômitos, por causa do aperto dentro do trem, gente que já mostrou a arma para ameaçar os demais. As condições são muito ruins”, conta, acrescentando, no entanto, que o transporte ferroviário ainda é a melhor opção para quem, como ele, leva cerca de 2 horas para chegar ao trabalho, e já testou a viagem de carro e ficou até quatro horas no trânsito de São Paulo por causa do excesso de veículos nas vias.

“A pessoa fica sem opção, mesmo sabendo o que vai enfrentar”, resume Sans, vítima, na noite de quarta-feira última, de um acidente, provocado por um outro antigo problema: o vão existente entre a plataforma da Estação Estudantes e o trem. Ele bateu a cabeça quando entrou em uma das composições. Acidentes como esse são comuns.

E é a justamente a incompatibilidade entre o nível dos trens mais novos e as plataformas das antigas estações de Mogi das Cruzes que não permite a ampliação dos horários do Expresso Leste durante todo o trajeto entre a Luz e Estudantes.

A ida para São Paulo, quando a maior parte dos trabalhadores e estudantes utiliza os trens, é o pior horário do trajeto, na opinião de Miranda. “Tem mais pessoas, que voltam em horários diferenciados, e conseguir um lugar para sentar é fundamental para garantir menos desconforto na baldeação”. Não pense que a volta melhora. Não melhora porque a opção do Expresso Leste não existe entre 16 e 20 horas.

Outra percepção de Miranda é a redução entre os intervalos dos trens, quando se chega a Guaianases, no retorno para casa. “Até Guaianases, varia entre três e cinco minutos mas, para Mogi, o tempo mínimo de espera é de oito minutos”, afirma, o jovem de 23 anos que há quatro é bancário e trabalha a Avenida Brigadeiro Faria Lima.

Ele começou a usar os ônibus fretados há três meses. Mesmo gastando mais tempo para chegar ao trabalho. De trem, 1 hora e 40 minutos. De fretado, 2 horas e 20 minutos. “Mas é uma questão de conforto, tranquilidade, comodidade e de saúde, principalmente, tenho notado que chego mais disposto para trabalhar”, compartilha.

Nesses sete anos de vai e vem nas linhas operadas pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Miranda diz ter vivido um pouco de tudo. “Tem momentos engraçados, como as vendas de tudo, mortadela, tomate, batata, e tensos, como as brigas e desentendimentos. Você nunca sabe quando, por exemplo, por uma manobra do maquinista, o trem para e você quem você vai esbarrar, se a pessoa irá compreender que a culpa não é sua, ou não”. Outra questão lembrada por ele é o assédio sofrido pelas mulheres, nos trens superlotados. “Todas as pessoas estão num espaço muito apertado, e tem mesmo, quem se aproveitar das mulheres, mas não são todos os homens que fazem. Você vive dentro de um caldeirão”.

Ambos reclamam das condições das viagens e da operação do sistema, que registra atrasos diários, da falta de comunicação com o passageiro – ontem, pela manhã, o atraso foi de mais de uma hora, e conta Danilo Sans, o aplicativo da CPTM não apontava o problema.

Outra reivindicação, que nem tanto custaria, seria melhorar a comunicação sobre os horários e quais são os trens do Expresso Leste que vão até Mogi. “Quem está mais acostumado, acompanha a grade e sabe, quando terá a viagem direta, mas o passageiro comum, não”, reforça Miranda.

Expresso Leste começou em 2006
A chegada dos primeiros horários do Expresso Leste foi marcada, em 2006, por uma decisão do ex-governador José Serra, pressionado pela opinião popular e por lideranças políticas pela melhoria do sistema ferroviário entre Mogi das Cruzes e São Paulo. Após uma série de “nãos” ditos por dirigentes e técnicos da CPTM ao pedido regional, que alegavam a inviabilidade técnica na operação por causa dos desníveis entre as composições e as plataformas, Serra ordenou que a reivindicação fosse atendida em alguns horários. E é por isso que o Expresso Leste sai hoje de Mogi das Cruzes 15 vezes por dia, pouco mais de 10%, da média diária de partidas: 120.

Primeiro, foram sete partidas e sete chegadas a Mogi das Cruzes. Alguns anos depois, e após novos pedidos, o número foi elevado para 12 viagens partindo das duas pontas. Em 2016, após a inauguração das obras da Estação Suzano, houve nova ampliação na grade, com 30 viagens, metade para cada sentido.

A reivindicação do Alto Tietê é a plena cobertura do Expresso, que eliminará a baldeação em Guaianases, enfrentada pelos usuários da Região.

De acordo com a CPTM, o sistema opera hoje com intervalos médios de 8 minutos nos horários de pico (entre 5h e 8h e 17h e 20h) e 10 minutos nos horários de menor movimento, entre Guaianases-Estudantes. Na Linha 12-Safira, que atende o trajeto Brás-Calmon Viana, o intervalo médio nos horários de pico é de 6 minutos nos horários de pico e 8 minutos nos horários de menor movimento.

Também segundo a estatal, a Linha 11-Coral, o Expresso Leste atende 533 mil usuários/dia útil. Na extensão, entre Guaianases e Estudantes, é transportada perto da metade desse contingente, uma média 234 mil usuários/dia útil. A Linha 12-Safira, de Brás a Calmon Viana, transporta a média de 272 mil usuários/dia útil.

Entre as melhorias previstas com a chegada de novos trens está o uso da frota de série única – hoje, ainda há composições mais antigas operando nesse trajeto. Já foram entregues 20 novos trens nesse percurso.

João Doria

“A baldeação em Guaianazes será eliminada para que os moradores da região que utilizam o Expresso Leste não precisem fazer essa parada, que gera incômodo, perda de tempo e aumenta a duração da viagem. Assim que assumirmos o Governo do Estado, nos reuniremos com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para avaliar qual a melhor forma de eliminar a parada e fazer com que Mogi das Cruzes tenha os trens de melhor qualidade em mais horários para conforto dos passageiros.

Em relação aos viadutos, apesar de serem obras do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), os governos do Estado e Federal podem trabalhar juntos em busca de uma solução para este impasse que já se estende por anos. Uma das alternativas é buscar financiamento internacional para a construção dos viadutos. Isso depende, no entanto, das tratativas com o Governo Federal. João Doria é candidato a governador pelo PSDB

Márcio França

“Sou governador de São Paulo há pouco mais de cinco meses e já implementamos ações importantes. Via CPTM, realizamos diariamente 30 viagens diretas na Linha 11-Coral (Expresso Leste), de Luz a Estudantes, sem a necessidade de transferência em Guaianases, e estamos trabalhando para ampliar o número dessas viagens. O modelo operacional que prevê viagens alternadas na linha 11, sentido Estudantes e Guaianases, está previsto para o primeiro semestre de 2019. Com a chegada de todos os novos trens, a Linha 11 será contemplada com frota de série única. Vamos modernizar todos os vagões da CPTM. Desde 2015, já foram entregues 20 novos trens para essa linha.

Apesar de todas as melhorias e avanços, fiz as contas e sei que dá para fazer mais. É preciso que todo o sistema funcione perfeitamente e em sua plenitude, sem essa quantidade de problemas que apresenta hoje. Uma das minhas propostas é que o usuário prejudicado por uma falha na CPTM tenha o direito de receber o valor de cinco passagens para pegar táxi ou serviço de transporte por aplicativo. O passageiro pagou pelo serviço que naquela ocasião não foi bem prestado, então é direito dele ser ressarcido. Outra iniciativa será instalar câmeras modernas em pontos estratégicos e envelopar toda a malha ferroviária com cercas que irão diminuir os furtos de cabos e o vandalismo, causadores da maioria das falhas na CPTM”. Márcio França é candidato a governador pelo PSB

Fonte:O Diário de Mogi