domingo, 28 de janeiro de 2018

PROPOSTA: Mogi terá portal com informações de desaparecidos

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Laércio Ribeiro
Laércio Ribeiro
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Projeto de cadastro de desaparecidos é da vereadores Fernanda Moreno. (foto: Divulgação)
Nos próximos meses é provável que Mogi das Cruzes já tenha cadastro municipal de pessoas desaparecidas que poderá auxiliar na localização dos sumidos e dar apoio às suas famílias. A iniciativa inovadora levou a vereadora Fernanda Monteiro, do PV, a elaborar projeto nesse sentido que tramita na Câmara Municipal.

“O projeto já foi aprovado pelo Jurídico e está nas Comissões, mas logo deverá ser levado à plenário e acredito que será aprovado”, disse Fernanda Monteiro a O Diário.

No seu plano está a criação de um link, que poderá estar ligado ao site da Prefeitura Municipal. “Com a tecnologia avançada não teremos qualquer tipo de problema para dar conhecimento do projeto à população. Entraremos em contato com o prefeito Marcus Melo (PSDB) e sei que vai ser encontrada melhor forma para deixar o cadastro à disposição da comunidade”.



O projeto de Fernanda Moreno também poderá servir de base para Municípios da Região do Alto Tietê, conforme ela espera. “É um trabalho de suma importância, pois diante de uma pessoa desaparecida, muitas vezes, as famílias não sabem como agir. Então, um portal, além de divulgar fotos e identidades de desaparecidos, vai possibilitar consultas e orientações de como proceder”, destaca a vereadora.

A criação do “Banco de Dados Municipal”, conforme a vereadora Fernanda, vem de encontro aos tempos modernos. Via internet qualquer pessoa poderá acessá-lo e obter informações para a localização do desaparecido.

A Polícia Civil orienta que os familiares devem procurar a mídia para divulgar os desaparecidos e também distribuir cartazes. Com o advento do Cadastro Municipal, a população terá mais uma ferramenta para se apoiar num momento de extrema dificuldade. Para isso, é preciso à rápida aprovação do projeto por parte dos vereadores.

Polícia Civil investiga os casos
O delegado Rubens José Angelo é titular do Setor de Homicídios responsável pela elucidação dos crimes contra a vida em Mogi, Itaquaquecetuba, Salesópolis e Biritiba Mirim. Na sua unidade, no Alto do Ipiranga, ele mantem uma equipe voltada a dar andamento aos Procedimentos de Investigações sobre Desaparecidos (PID). “Existe uma Lei Nacional que disciplina os desaparecimentos, Resolução da Secretaria de Segurança Pública e uma determinação da Delegacia Geral. Em casos de crianças e adolescentes tem que ser feito registro de Boletim de Ocorrência de imediato. Não existe a alegação de que a família tem que esperar 24 horas”, garante a autoridade.


Delegado atribui sumiços ao uso de drogas e divergências familiares. (foto: Laércio Ribeiro)
A Lei de Busca 11.259, de 30 de dezembro de 2005, dispõe exatamente sobre a declaração do delegado Rubens. A legislação surgiu para apoiar o Estatuto da Criança e do Adolescente, determinando a investigação imediata nos casos de desaparecimentos de crianças e adolescentes.

Dependendo da situação, é instaurado inquérito para localizar o paradeiro dos sumidos, diz o titular. “Foram abertos em 2017, 149 Procedimentos de Investigações de Desaparecidos”. Segundo afirmou, “85 por cento das ocorrências são esclarecidas”. Ele declina como causas dos desaparecimentos problemas com uso de drogas, divergências familiares e doenças psicológicas.

Há ainda situações em que o próprio desaparecido assume a ação voluntária de sumir. Nesta hipótese se torna mais difícil o trabalho da Polícia Civil.

Na sua estatística, o delegado Rubens aponta que os homens na faixa etária de 25 a 40 anos são os que mais desaparecem, muito mais que as mulheres. Em seguida, cita o grupo das crianças e adolescentes.

De acordo com o delegado Rubens Angelo, já tramita no Congresso Nacional um projeto para a criação de Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas. “Ao ser aprovado se tornará tudo mais fácil, pois se poderá ter acesso a qualquer Estado do País e cidades”.

Hoje, o Setor de Homicídios desenvolve trabalho junto à Delegacia de Desaparecidos, anexa ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), na Capital, e também desenvolve ação semelhante no Instituto de Identificação, da Secretaria do Estado de Segurança Pública (SSP)

Para o delegado Rubens Angelo, “é necessário haver uma política pública no sentido de ouvir, apoiar as pessoas desaparecidas e os seus familiares”. O Disque Denúncia, órgão do Governo do Estado de São Paulo, possui cadastro dos desaparecidos e pode ser acessado através da Central de Atendimento pelo nº 181. É estimado que no Brasil 8 mil pessoas desaparecem por hora.

Cada desaparecido tem uma história de vida
Por trás de cada desaparecimento de uma pessoa tem uma história, mesmo que repetidas com personagens diferentes. Portador de doença mental, Damião Ferro Fernandes, de 57 anos, tomava medicamento psiquiátrico, mas sem prescrição médica. Ele está desaparecido de sua casa no Jardim Margarida, em Mogi das Cruzes, desde 14 de março do ano passado. O caso já está sendo investigado, mas não há ainda qualquer informação que possa levar a Polícia Civil localizar e levar Damião Ferro de volta ao seu lar. A irmã de Damião, Nelcy Azevedo de Oliveira, de 71 anos, ainda espera por ele. Informações sobre o seu paradeiro podem ser dadas pelo telefone (11) 96840-6462, falar com Isaque.

A família do aposentado Severino Clarindo do Carmo, de 73 anos, moradora no Jardim Dona Benta, em Suzano, também está na expectativa em um dia encontrá-lo. O filho dele, José Roberto do Carmo, de 45 anos, procurou o 2º Distrito Policial, no Jardim Boa Vista, em Suzano, e comunicou que o seu pai Severino na manhã de 29 de março do ano passado, deixou a residência dele com destino ao Banco Mercantil, em Suzano, para retirar o benefício do INSS e depois jamais foi visto. A família o procurou em hospitais, postos do Instituto Médico Legal e nas casas dos amigos, mas não receber notícias do aposentado. Quem souber do seu paradeiro, pode ligar para (11) 98371-7388 e falar com José Roberto.

A situação de Evaldo José Freire, de 71 anos, não é diferente. Na manhã, de 1º de janeiro último, ele saiu de sua casa, na Rua Sargento João Leite de Godói, no Jardim Itamarati, em Itaquaquecetuba, para ver um terreno no Parque Nossa Senhora das Graças, na mesma cidade. Misteriosamente, ele desapareceu e o seu carro foi encontrado abandonado nas imediações. Debora Freire, de 55 anos, parente de Evaldo, espera por qualquer ‘dica’ que possa colaborar com a localização de Evaldo: celular (11) 98297-5774.

Usuário de drogas, Douglas Natalício de Carvalho Dias, de 27 anos, está desaparecido desde 18 de outubro de 2017, A mãe dele Maria de Carvalho Dias, de 48 anos, moradora na Vila Pomar, em Mogi das Cruzes, soube que o filho antes de desaparecer teria sido perseguido por dois homens encapuzados. Informações sobre Douglas pelo telefone (11) 4721-1221, do Setor de Homicídios.

Já em 30 de agosto do ano passado, yosikazu Nishino, o “Mário”, de 79 anos, saiu de sua residência, na Estrada do Breju, no Bairro do Mandi, em Itaquá, e não mais retornou.

Quando a família se depara com um caso de desaparecimento deve procurar pela pessoa no local que ela sumiu, nas imediações, depois entre vizinhos, parentes, amigos, hospitais e Instituto Médico Legal. A tecnologia via internet também permite rastrear os últimos passos do desaparecido através das redes sociais.

Fonte:O Diário de Mogi