terça-feira, 15 de agosto de 2017

Problema só cresce: Praças e ruas do centro são 'casas' para moradores de rua

Concentração de pessoas nessa situação é 'comum', mas aumentou muito em quantidade durante este ano
Dentro de barracas improvisadas com papelão e plástico, deitados em bancos de praças ou mesmo nas calçadas. Estas são as condições de dezenas de pessoas em situações de rua espalhadas em diferentes pontos da área central de Mogi das Cruzes. Alguns se isolam e, muitas vezes, são vistos com compaixão por quem passa nas ruas. Outros, no entanto, são intimidadores. Aparentemente sob o efeito de álcool ou outras drogas, abordam pedestres em busca de dinheiro ou adentram nos estabelecimentos comerciais, assustando a clientela.
Na "disputa por território" ou por algum item recém-adquirido, como garrafas de bebidas, por exemplo, brigam entre si, trocam xingamentos, usam palavras de baixo calão, ou mesmo partem para a agressão, levando medo a quem transita pelo local.
Tais cenas são vistas com frequência, principalmente em alguns pontos, onde a existência deste público já é comum. É o caso de um galpão localizado na avenida Francisco Rodrigues Filho, no Mogilar. A reportagem passou pelo local na manhã de ontem e constatou a presença de pelo menos quatro pessoas abrigadas embaixo da marquise, divindo espaço com pombos e pilhas de materiais recicláveis. Segundo relatos de comerciantes locais (veja mais nesta página), o odor forte sentido por quem passa pela via é decorrente de urina e fezes. Isso porque, apesar da Prefeitura realizar a limpeza da área com frequência, os moradores de rua sempre retornam.
Situação semelhante é encontrada no Largo Bom Jesus, também conhecido como praça de São Benedito, onde o coreto serve de refúgio e também como "depósito" de pertences. Ontem, alguns dos bancos eram ocupados por dezenas de cobertores, enquanto outros serviam como ponto para o consumo de bebidas alcóolicas.
Já no largo 1º de setembro, os atrativos são as barraquinhas de lanches, assim como as lanchonetes e demais estabelecimentos onde há a comercialização de comidas e bebidas. Basta se sentar para fazer um pedido que logo surge alguém pedindo ajuda para se alimentar.
Devido à generosidade da população ou dos comerciantes, muitos dos moradores de rua já adotaram a praça como "endereço fixo" e são figuras bastante conhecidas na região. Mas, nos últimos tempos, o número de novos rostos vem aumentando, o que também acaba trazendo insegurança.

Pedestres e comerciantes do centro notaram aumento de pessoas nessa situação e cobram as autoridades

População se incomoda com falta de assistência

Comerciantes cobram providências
A constante presença de pessoas em situação de rua em praças da área central de Mogi das Cruzes vem tirando o sossego de comerciantes e pedestres que passam por estes locais
A constante presença de pessoas em situação de rua em praças da área central de Mogi das Cruzes vem tirando o sossego de comerciantes e pedestres que passam por estes locais. De acordo com o comerciante Rodrigo Ramos, de 79 anos, que mantém um estabelecimento na avenida Francisco Rodrigues Filho, no Mogilar, a situação tem impactado inclusive em seu comércio. "O pessoal vive sendo abordado por eles, então os clientes acabam ficando com medo. A situação é pior principalmente na parte da noite, quando muitos deles se aglomeram nas marquises. Faltam medidas eficazes para resolver isso", disse.
Para a comerciante Keyla Torraldo, 44, além da insegurança, há também os transtornos causados pelo abandono. "A Prefeitura limpa, mas eles sempre voltam. Além do lixo e dos pertences, eles fazem o local de banheiro. É muito desconfortável, o odor é muito forte", contou.
Situação semelhante é encontrada no largo Bom Jesus, segundo a atendente Jéssica Elen, 28. "Incomoda bastante, porque não ficam apenas na praça e vivem entrando nos comércios ou abordando as pessoas. A gente fica com medo, porque na maioria das vezes, estão alcoolizados. A Prefeitura precisa fazer algo urgentemente", comentou.
A perturbação do sossego também ocorre no largo 1º de setembro. É o que relata o auxiliar administrativo Wilson Rodrigues Santos,40. "Sempre aparece um ou outro pedindo dinheiro ou comida. A gente tem notado que ultimamente tem aumentado esse pessoal. Vira e mexe tem gente nova", destacou.
Outro lado
Questionada, a administração municipal informou que tem intensificado as ações de abordagem destas pessoas, com a finalidade de encaminhá-los para serviços de acolhimento ou reinseri-las ao convívio familiar. No entanto, segundo o coordenador do Centro Pop, Osni Damásio da Silva, o grande desafio tem sido a resistência apresentada. "Temos realizado ações integradas envolvendo as Secretarias de Assistência Social e Serviços Urbanos, bem como a Guarda Municipal, para que possamos fazer a higienização destes espaços e também o encaminhamento destas pessoas para atendimento. Mas, muitos sempre colocam exigências. Alguns até vão para o abrigo, mas logo retornam, devido ao vínculo com a rua", disse.
Atualmente o município oferece 156 vagas de acolhimento em abrigos. Número que foi reforçado durante este período de inverno. "Nós ampliamos em 20 vagas, mas em noites mais frias as entidades acabam até acolhendo mais pessoas. Isso será mantido até o início de setembro. Para voltarmos à quantidade normal, faremos desligamentos gradativos, conforme as pessoas forem retornando para suas famílias ou mesmo tendo condições de viverem sozinhas. De forma alguma elas serão despejadas", concluiu. (S.L.)

Fonte:Mogi News