sábado, 28 de janeiro de 2017

POLÊMICA: Taxistas de Mogi reclamam de concorrência desleal do Uber

Claudia Irente
Categoria disse ter sido surpreendida com liminar que autorizou o funcionamento e pede regulamentação
Com a notícia de que o juiz Bruno Machado Miano deferiu nesta semana uma liminar para que os motoristas que trabalham pelo Uber possam exercer suas atividades livremente - pelo menos até o julgamento final da questão -, a categoria dos taxistas amanheceu ontem bastante preocupada. 
Segundo o presidente do Sindicato dos Taxistas de Mogi das Cruzes e Região, Sandro Monfort, há 25 anos na profissão, o problema não é o surgimento do Uber em si, mas, sim, a falta de regulamentação do trabalho prestado pela multinacional. "Enquanto pagamos cerca de R$ 2 mil em impostos por ano, essa empresa não paga nada. Quero ver quando pagarem todas as taxas municipais, estaduais e outras, assim como nós, se conseguirão manter os preços que cobram", afirmou.
Para Monfort, a concorrência, que considera desleal, tem ocasionado uma queda de 50% no movimento dos taxistas. "Outro dia fiquei até triste de ver um colega nosso, motorista auxiliar, não ter conseguido almoçar, porque de cada corrida que ele faz, ele tira 30%, e como havia feito duas delas de manhã, de R$ 10 cada, o que sobrou para ele comer foi isso", lamentou.
O presidente do sindicato lembra que em Mogi há 180 carros com alvará para trabalhar como táxis e 345 profissionais, pois cada veículo pode ter até três condutores, que se revezam nos horários de serviço. "Já ouvi dizer que há, hoje, 190 carros do Uber circulando na cidade e também soube que há muitos arquitetos e profissionais liberais, que perderam o emprego, fazendo esse 'bico' na nossa área de atuação. Realmente a crise é lamentável, mas será que se eu ficasse desempregado, eu poderia fazer um 'bico' como arquiteto ou outra profissão, sem nenhum tipo de exigência ou regulamentação?", questionou. 
Como forma de driblar os concorrentes e angariar ou até mesmo fidelizar clientes, Monfort adiantou que os taxistas estão em tratativas com duas empresas desenvolvedoras de aplicativos, para que possam também utilizar a tecnologia a seu favor e conceder descontos.
Ontem, Monfort também esteve reunido com o prefeito Marcus Melo (PSDB), que, segundo ele, mostrou-se igualmente surpreendido com a decisão liminar da Justiça, e deve agendar um novo encontro com os taxistas após se inteirar da questão.
'Buzinaço'
Ontem, alguns taxistas, sem a participação direta do sindicato, fizeram um "buzinaço" em frente à prefeitura e ao fórum. A Câmara Municipal, por sua vez, informou que, após voltar do recesso e constituir oficialmente a Comissão Permanente de Transportes e Segurança Pública, no dia 1 de fevereiro, é que será agendada uma reunião sobre o assunto.

Movimento dos taxistas teve queda de 50% depois do Uber; cidade conta com 180 táxis e 345 profissionais

Monfort: "Pagamos até R$ 2 mil em impostos"

Fonte:Mogi News