segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Chamadas falsas Polícia Militar da região recebe até 2,1 mil trotes todos os dias


Chamadas falsas
Polícia Militar da região recebe até 2,1 mil trotes todos os dias
Total de ligações é de 3 mil, ou seja, em 70% dos casos, os policiais vão até o local, mas não há ocorrência
Cleber Lazo
Da Reportagem Local
Daniel Carvalho

Atendentes do 190 tentam, com a sua experiência, identificar se a pessoa que ligou passou um trote
A Polícia Militar do Alto Tietê recebe 2,1 mil trotes por dia. O número se torna ainda mais alarmante quando revelado que este montante representa 70% das 3 mil ligações feitas diariamente ao Centro de Operações (Copom) do Comando de Policiamento de Área Metropolitano-12 (CPA/M-12), responsável pelo policiamento nos municípios de Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim, Guararema, Salesópolis, Suzano, Poá, Ferraz de Vasconcelos e Itaquaquecetuba. Os dados foram divulgados pelo próprio comando.

Passar trote para a polícia é crime e a pena para o infrator pode variar entre seis meses e um ano de prisão. 
De acordo com a PM, as ligações em que a pessoa não se pronuncia, desligando o telefone após o atendimento, também são classificadas como trote. Tendo como base apenas os chamados em que há uma efetiva comunicação entre o suposto denunciante e o atendente 190, esse porcentual fica próximo a 10% das ligações totais.

Os períodos de maior incidência de ligações falsas são os horários de entrada e saída das escolas e os intervalos entre as aulas. Consequentemente, foi identificado que o perfil dos responsáveis pela maioria dos trotes é o de crianças e adolescentes. A falta de consistência no relato da ocorrência, as contradições, o tom de voz da pessoa que faz a chamada, todos estes fatores, aliados à experiência do atendente 190, propiciam o reconhecimento de um trote, contudo, mesmo quando há dúvida sobre a veracidade do fato, a ocorrência é tratada como verdadeira e há o envio de uma equipe ao local indicado na ligação.

O chefe do Copom no Alto Tietê, tenente Carlos Wanderley Spena Júnior, pede que as pessoas, principalmente as crianças, deixem de passar trotes para o serviço emergencial 190. "Enviamos equipes de modo desnecessário a uma ocorrência que não existe, em detrimento de uma real emergência, onerando mão de obra, recursos e materiais", argumentou o tenente.

Infelizmente, segundo Spena Júnior, a recomendação é talvez a única maneira de diminuir a quantidade de trotes. A falta de lei para punir os autores e a dificuldade em identificar quem fez a ligação são elementos que fazem com que a súplica se torne a forma mais viável de tentar amenizar esta situação.

A legislação que prevê pena com maior rigor ainda não foi regulamentada. A PM avalia que a diminuição desse tipo de crime só será efetivamente eficaz com a regulamentação.

A localização do responsável pela chamada falsa é difícil. E, quando elas são realizadas de telefones públicos, a identificação se torna praticamente impossível. As ligações a partir de telefones celulares ou linhas fixas dependem de quebra de sigilo telefônico, somente fornecida mediante ordem judicial. Um pedido de análise pode demorar meses e até anos.

Fonte:Mogi News