Polícia Militar da região recebe até 2,1 mil trotes todos os dias
Total de ligações é de 3 mil, ou seja, em 70% dos casos, os policiais vão até o local, mas não há ocorrência
Cleber Lazo
Da Reportagem Local
Daniel Carvalho
Atendentes do 190 tentam, com a sua experiência, identificar se a pessoa que ligou passou um trote
A Polícia Militar do Alto Tietê recebe 2,1 mil trotes por dia. O número se torna ainda mais alarmante quando revelado que este montante representa 70% das 3 mil ligações feitas diariamente ao Centro de Operações (Copom) do Comando de Policiamento de Área Metropolitano-12 (CPA/M-12), responsável pelo policiamento nos municípios de Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim, Guararema, Salesópolis, Suzano, Poá, Ferraz de Vasconcelos e Itaquaquecetuba. Os dados foram divulgados pelo próprio comando.
Passar trote para a polícia é crime e a pena para o infrator pode variar entre seis meses e um ano de prisão.
De acordo com a PM, as ligações em que a pessoa não se pronuncia, desligando o telefone após o atendimento, também são classificadas como trote. Tendo como base apenas os chamados em que há uma efetiva comunicação entre o suposto denunciante e o atendente 190, esse porcentual fica próximo a 10% das ligações totais.
Os períodos de maior incidência de ligações falsas são os horários de entrada e saída das escolas e os intervalos entre as aulas. Consequentemente, foi identificado que o perfil dos responsáveis pela maioria dos trotes é o de crianças e adolescentes. A falta de consistência no relato da ocorrência, as contradições, o tom de voz da pessoa que faz a chamada, todos estes fatores, aliados à experiência do atendente 190, propiciam o reconhecimento de um trote, contudo, mesmo quando há dúvida sobre a veracidade do fato, a ocorrência é tratada como verdadeira e há o envio de uma equipe ao local indicado na ligação.
O chefe do Copom no Alto Tietê, tenente Carlos Wanderley Spena Júnior, pede que as pessoas, principalmente as crianças, deixem de passar trotes para o serviço emergencial 190. "Enviamos equipes de modo desnecessário a uma ocorrência que não existe, em detrimento de uma real emergência, onerando mão de obra, recursos e materiais", argumentou o tenente.
Infelizmente, segundo Spena Júnior, a recomendação é talvez a única maneira de diminuir a quantidade de trotes. A falta de lei para punir os autores e a dificuldade em identificar quem fez a ligação são elementos que fazem com que a súplica se torne a forma mais viável de tentar amenizar esta situação.
A legislação que prevê pena com maior rigor ainda não foi regulamentada. A PM avalia que a diminuição desse tipo de crime só será efetivamente eficaz com a regulamentação.
A localização do responsável pela chamada falsa é difícil. E, quando elas são realizadas de telefones públicos, a identificação se torna praticamente impossível. As ligações a partir de telefones celulares ou linhas fixas dependem de quebra de sigilo telefônico, somente fornecida mediante ordem judicial. Um pedido de análise pode demorar meses e até anos.
Fonte:Mogi News