quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Libertando talentos CDP de Mogi promove concurso cultural para motivar detentos

Cerca de 60 pessoas participaram do evento, que revelou os autores das consideradas melhores oito obras
Jamile Santana
Da Reportagem Local
Adriano Vaccari

Casa em miniatura feita de palitos de sorvete e outros materiais artesanais é um dos destaques do concurso promovido entre os presos
Claudinei Aparecido Feliciano, de 46 anos, passa até oito horas por dia confeccionando peças artesanais dentro de sua cela, no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Mogi das Cruzes. Mas, além de ocuparem a mente e passarem o tempo, as obras de Claudinei já são vendidas pela família do lado de fora da cadeia. São casas em madeira, abajures e barcos encomendados por clientes fiéis, que investem até R$ 50 nas peças do artista recluso. 
E o talento do preso ganhou incentivo com a realização do 1º Concurso Cultural realizado dentro da cadeia em Mogi das Cruzes. Ao contrário do que se imagina, dentro dos pavilhões, há mais talentos escondidos. Cerca de 60 detentos participaram do concurso, que classificou as oito melhores obras, premiando as famílias. A maquete de Claudinei ganhou em primeiro lugar, mas o maior prêmio para os presos é ver uma peça pronta e sendo admirada pela sociedade. Cada um dos artistas recebeu um certificado de participação do concurso. 
"Eu gosto muito de produzir estas peças, porque posso ajudar a minha família, mesmo estando aqui dentro. Aproveito tudo o que posso: palitos de sorvete, caixas de leite vazias, cartolinas. Tudo dá para criar algo novo", explicou o preso. O ex-ajudante está detido na unidade há sete meses, aguardando o julgamento por ter participado de um assalto. "Já tenho 12 encomendas destas maquetes de casas, todas para clientes de São Paulo. Dependendo do tamanho da peça, cobro até R$ 50. Quando eu sair da prisão, quero montar minha própria loja de artesanato", contou. 
Depois de observar alguns talentos dentro da cadeia, o diretor-geral da unidade, Silvestre Moutinho Baltar, decidiu incentivar a produção de artigos artesanais. "Quando chega um novo preso, logo os outros já o ensinam a fazer objetos de artesanato. É um trabalho interessante, porque ocupa a mente deles e dá uma nova perspectiva de vida. Tem muita gente talentosa aqui dentro", explicou.


A meta é desenvolver outros concursos culturais maiores nos próximos anos e chegar a vender as peças produzidas dentro da cadeia em algumas feiras. "A intenção é, sem dúvida, incentivar estas produções e dar condições para o preso ajudar sua família. Queremos ver se fechamos parcerias para vender estes artigos em feiras artesanais". Uma das metas é tentar fechar uma parceria com a Prefeitura de Mogi, para comercializar os produtos na feira "Mogi feita à mão", que funciona aos fins de semana na praça Oswaldo Cruz. 
Segundo Luciano Berlot, coordenador de produção da unidade prisional, os detentos tiveram 30 dias para confeccionar as peças que foram para o concurso. "Eles já produziam tudo isso em dias comuns, mas tiveram de confeccionar peças especiais para a primeira edição do evento. Dentro das celas, nós só autorizamos a entrada de palitos de sorvete, barbantes bem finos e cartolinas, com exceção das de cores amarela, verde e preta, além de alguns itens recicláveis".




Curiosidades sobre o 1º Concurso Cultural do CDP de Mogi das Cruzes
Os presos podem pedir qualquer tipo de material de papelaria para confeccionar as peças. A maioria é palito de sorvete, barbante fino, cola, tesoura sem ponta e cartolina;
Pode ser utilizado qualquer tipo de cartolina, com exceção das cores amarela, verde e preta, para evitar que o material seja usado na camuflagem das celas, caso alguém consiga cortá-las.


Fonte:Mogi News