domingo, 20 de março de 2011

A janela de Kassab

A janela de Kassab
Merval Pereira
Queira ou não o prefeito paulistano, Gilberto Kassab, seu movimento de criação de um novo partido acabou sendo entendido pelos políticos como a concretização de um sonho, a tal "janela" para permitir a mudança de legenda sem que o trânsfuga seja atingido pelas sanções da lei de fidelidade partidária.

No que parecia uma maneira de resolver uma questão paulista - a disputa de espaço para uma candidatura ao governo de São Paulo em 2014 -, o que seria o Partido da Democracia Brasileira (PDB) e que agora é o Partido Social Democrático (PSD) acabou se transformando em um desaguadouro de insatisfações em diversos partidos pelo país: PV, PP, PTB, PR e assim por diante.

Muitos políticos que estão desconfortáveis em seus partidos viram nesse projeto a possibilidade de se organizar.
O grande problema é de ordem prática: a indefinição sobre o tempo de propaganda gratuita em rádio e televisão na próxima eleição municipal está contendo o ímpeto inicial de adesões.

A eventual fusão a médio prazo com o Partido Socialista Brasileiro (PSB), que cresceu em 2010, tornou-se uma espécie de sonho de consumo dos que se preparavam para embarcar no projeto de Gilberto Kassab.

O partido cresceu na sua representação legislativa tanto na Câmara, onde passou de 27 deputados federais para 34, quanto no Senado, onde elegeu três novos senadores.

Mas foi nos governos estaduais que o PSB aumentou mais seu cacife. Depois do PSDB, foi o partido que mais elegeu governadores, seis ao todo, sendo quatro no Nordeste: Ceará, Pernambuco (reeleitos), Paraíba e Piauí, além de Amapá e Espírito Santo, representando quase 15% do eleitorado.

O PSB não é um partido que tenha a cultura de confrontação, e as arrumações partidárias nos estados podem ser feitas sem grandes traumas. Mas também não quer receber em suas fileiras qualquer um. O governador Eduardo Campos (PE) teve conversas francas com Kassab e com o governador catarinense, Raimundo Colombo, e colocou algumas barreiras de entrada.

O fato de Kassab ser um político tradicional, sem ligações históricas com a linha política do PSB, não interferirá na possível união política, questão superada pelo fato de o prefeito ser um político de gestão modernizadora, com méritos na relação com o eleitorado, que reconheceu seu trabalho, e na limpeza da Câmara paulista.

Eduardo Campos trabalha o futuro político com parcerias com jovens políticos de sua geração, especialmente o ex-governador de Minas e senador Aécio Neves. Se não estiverem juntos em 2014, em algum momento estarão.

Merval Pereira, é jornalista e substitui hoje o articulista Mário Sérgio de Moraes.

Fonte:Mogi News