segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Drogas e aborto não são temas de campanha, diz FHC

Maurício Savarese
Do UOL Eleições

Em São PauloDepois de a campanha presidencial ser dominada por assuntos religiosos na virada do primeiro para o segundo turno, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta segunda-feira (18) que temas religiosos nunca fizeram parte de suas disputas ao Palácio do Planalto e que questões como aborto e drogas não devem ser eleitorais.
Antes de um encontro de líderes do PV com o presidenciável José Serra (PSDB), FHC também criticou a campanha da petista Dilma Rousseff e o presidente Luiz Inácio Lula da silva, com um pedido para que nenhum deles contribua "para dividir o Brasil".
"Eu nunca entrei nesses temas religiosos em campanha. Eu acho que as pessoas têm todo o direito [de discutir]. E acho que os políticos não devem confundir a questão do Estado com a questão confessional", disse ele, no local que foi comitê de campanha do candidato derrotado do PV ao governo paulista, Fabio Feldmann.
"Questão sobre aborto não é eleitoral, como a questão da droga", afirmou FHC, que é um dos principais defensores da liberação da maconha no Brasil. "Que as pessoas discutam [sistemas] é natural, mas acho uma questão de convicção pessoal, e não uma questão política".
Vários setores católicos e evangélicos criticam Dilma por ter defendido a liberação do aborto e, mais tarde, ter atenuado sua posição. A campanha petista acusou partidários de Serra de formarem uma "central de boatos", espalhando "mentiras e calúnias" sobre as posições da ex-ministra-chefe da Casa Civil sobre liberdade religiosa.
Cabo eleitoral

Distante da campanha de Serra no primeiro turno e sem nenhuma aparição no programa do presidenciável no horário eleitoral obrigatório, FHC disse que pedir votos "não é compatível" com o papel de um ex-presidente da República. "Eu participo da campanha dentro dos limites que eu acho que é possível para um ex-presidente da República. Eu não sou como o presidente Lula, que é cabo eleitoral", afirmou.
FHC repetiu o convite para "um café" com Lula depois que o presidente deixar o Palácio do Planalto. "Eu quero ver ele dizer que apoiou o Plano Real, que tudo começou no governo dele", disse. "O Lula não precisaria ser mesquinho, negar o que foi feito no passado".
O ex-presidente chamou de "eleitoreiras" as críticas de Dilma e Lula, que o acusam de ter impulsionado uma possível venda da Petrobras. "Nunca esteve em cogitação a privatização da Petrobras", afirmou. "Nós transformamos a Petrobras no que ela é hoje, uma empresa que atua globalmente".

18/10/2010