quinta-feira, 13 de agosto de 2020

ATRASOS: Troca de sistema gera demora no atendimento do Hospital Luzia de Pinho Melo

17 horas atrás 6 min. - Tempo de leitura

Natan Lira

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FUTURO Os 22 novos leitos de UTI deverão atender pacientes de outras especialidades no Hospital Luzia. (Foto: arquivo)

Pacientes do Hospital Luzia de Pinho Melo, no Mogilar, relatam demora de horas para conseguir passar pela consulta médica. O problema, segundo apurou a reportagem com uma fonte ligada aos profissionais de saúde, foi a implantação de um sistema informatizado, que vai desde a abertura da ficha médica, ao atendimento, exames e medicação, sem o treinamento dos profissionais para manuseá-lo. Esse seria o motivo do atraso nos atendimentos.

O Luzia de Pinho Melo é um dos poucos hospitais do estado que ainda realizava o atendimento com ficha manual e passou pela modernização recentemente, porém, não houve período de teste e tampouco o treinamento adequado dos profissionais.

“Em uma época de pandemia da Covid-19, a estratégia foi totalmente errada, porque está gerando aglomeração. Os médicos estão tentando dar um jeito, mas chegam até a serem ameaçados quando vão chamar as pessoas para o atendimento, porque o corredor de espera está cheio”, comentou uma fonte a O Diário.

O diretor clínico do hospital Luzia de Pinho Melo, Luiz Carlos Barbosa, disse que a informação da falta de capacitação não procede. Segundo ele, a unidade já contava com um sistema informatizado desde a sua instalação, mas que houve a troca da tecnologia na última semana, por uma mais robusta, chamada Tasy, a mesma existente em outros hospitais particulares da capital.

“O pessoal foi treinado. Na segunda-feira deu um problema porque, às vezes, o sistema trava e houve um atraso no atendimento, mas nada de dez horas como algumas pessoas dizem. Ninguém implanta um sistema de um dia para o outro. Estamos há um tempo com este processo. É provável que tenha alguma dificuldade na implantação. Porém, há uma equipe técnica por 24 horas no hospital para sanar qualquer problema que ocorrer. Esse é um sistema robusto e abrange todo o hospital. Mas pode acontecer, uma vez ou outra, da ficha na recepção não chegar ao médico”, diz.

Barbosa explicou que a mudança ocorreu porque o processo anterior não contava com o prontuário eletrônico. Com a ferramenta, o paciente chega ao consultório e o médico consegue consultar os exames, por exemplo, na hora.

“Pedimos desculpas por isso. Mas eu não posso prever se não vai acontecer de novo. O sistema depende de internet e é computadorizado, então pode voltar a acontecer. Mas nós estamos trabalhando para que isso não ocorra. Estamos em uma época em que o movimento não está enorme, então o impacto é menor”, pontua.

Comitê decide manter visitas suspensas

Outra reclamação recente em relação ao hospital é referente à falta de visitas aos pacientes que estão internados no hospital, sem a Covid-19. Um decreto do estado de 13 de julho permitiu que os familiares e religiosos pudessem retomar as visitas. No entanto, segundo o diretor, não há previsão de quando elas serão permitidas na unidade.

Ele explicou que como o hospital não está trabalhando só com a Covid-19 e os funcionários verificaram que os demais pacientes estavam se contaminando por meio das pessoas que iam visitá-los ou já chegavam com o novo coronavírus.

“Nós verificamos que 17% dos pacientes que iam operar em atendimentos eletivos também estavam com o vírus, então nestes casos nós suspendemos as cirurgias e as visitas. Temos um comitê aqui que acompanha a situação e até agora a decisão foi ainda não liberar e um boletim está sendo informado pelo telefone para os parentes”, disse Luis Carlos Barbosa, diretor do Hospital Luzia.

Ele avalia que a internação da ala de Covid-19 tem diminuído. Segundo ele, após o fim da pandemia, os 22 leitos de UTI destinados aos pacientes com a doença serão mantidos para atender as demais patologias. Até o momento, não há uma previsão sobre quando isso deve ocorrer.

Paciente sem Covid-19 perde leitos em hospital

O gerenciamento do atendimento durante a pandemia levou a Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes a direcionar leitos de outras especialidades para assistir pacientes testados com a Covid-19. Com isso, houve uma redução de vagas em especialidades como ortopedia, neurocirurgia e clínica médica. A Secretaria Municipal de Saúde informa que mantém assistência exclusiva a doentes com o novo coronavírus no Hospital Municipal de Braz Cubas.

Segundo a direção da Santa Casa, a mudança ocorre em caráter excepcional e já há uma perspectiva de diminuir progressivamente os casos de pacientes com a Covid-19 e retomar, de maneira gradativa, as atividades rotineiras às outras especialidades.

“A Santa Casa não é um hospital Covid, mas por possuir um Pronto-Socorro de porta aberta não pode negar atendimento a todos aqueles que nos procuram. Recebemos um número significativo de pacientes com síndrome gripal suspeita de infecção por Covid. Todos recebem atendimento e são devidamente inseridos na Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross) em busca de vaga em hospital referenciado para a Covid-19”, esclarece nota enviada a O Diário.

A busca por informações sobre o atendimento aos hospitais surgiu de uma dificuldade encontrada pela família de um idoso, que pediu para ter o nome não identificado, no final de semana. Ele teve de permanecer em uma unidade de saúde de 24 horas, até o encontro de uma vaga para internação na cidade.

Em reposta, a Secretaria Municipal de Saúde destacou que o Hospital de Braz Cubas segue como Centro de Referência do Coronavírus para atendimentos ambulatoriais, exames, internações e terapia intensiva, com retaguarda do Hospital de Campanha, e nega que haja superlotação nas unidades básicas e nas Upas (Unidades de Pronto Atendimento).

Os números da pasta mostram redução de 48% no total de atendimentos, na comparação entre maio a julho deste ano, em relação a mesmo período de 2019, de 138.410 para 71.745 atendimentos.

Porém, apesar disso, a Secretaria admite que existem situações pontuais e picos de maiores demandas nas unidades, quando as transferências de pacientes, com suspeita de Covid, por exemplo, dependem da regulação da Cross.

“Desde o início da pandemia, a principal dificuldade ocorre no gerenciamento de leitos Covid e não-Covid nos hospitais, tais como: leitos originariamente destinados a algumas especialidades agora ocupados por pacientes com o novo coronavírus; represamento de cirurgias e algumas doenças clínicas que devem ser isoladas”, argumentou a pasta.

Fonte:O Diário de Mogi