sexta-feira, 3 de abril de 2020

COMPLICADO: Guarda Municipal alerta para movimentação nas ruas durante a quarentena

6 horas atrás5 min. - Tempo de leitura
Eliane José

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CENA COMUM Guarda Municipal orienta as pessoas que ainda circulam pela cidade durante a quarentena. (Foto: arquivo)
Sem ter recursos legais para proibir a circulação de pessoas durante a quarentena instituída para combater a propagação do novo coronavírus, responsável pela transmissão da Covid-19, doença que mata uma parcela da população infectada, a Guarda Municipal tem orientado as pessoas abordadas em situações de risco, como festas, bailes, campeonatos esportivos e caminhadas a pontos turísticos como o Pico do Urubu, na Serra do Itapeti. Nos últimos três dias, um sinal de alerta foi dado: mais pessoas estão circulando pelas ruas, indo aos bancos, postos de gasolina e comércios que podem funcionar.

O diálogo e a orientação sobre os riscos de contaminação própria ou de familiares incluídos nos grupos mais vulneráveis ao novo vírus têm sido a rotina nas abordagens e nos atendimentos a denúncias que cresceram cerca de 25% no telefone 153, da Guarda Municipal. A maioria das queixas está ligada à desobediência ao decreto municipal que proibiu o funcionamento do comércio, de escolas e outros estabelecimentos privados.

São cerca de 2 mil chamadas por dia, segundo o coronel Paulo Roberto Madureira Sales, secretário municipal de Segurança Pública e responsável pela Guarda Municipal. Segundo ele, todo o efetivo está trabalhando nas ruas.

A atuação está sendo reforçada porque os guardas municipais, nas ruas, confirmam uma mudança no comportamento das pessoas, em comparação à semana passada.

“A realidade é que muitas pessoas não estão acreditando que podem ser contaminadas e que podem contaminar quem está em casa, idosos ou pessoas com alguma doença. E, sim, temos muitos idosos que estão nas ruas, infelizmente”, confirma o secretário, demonstrando uma outra preocupação. “Já temos pacientes jovens contaminados no Brasil, e se o que as autoridades médicas dizem, que mais pessoas contaminadas vão apresentar os sintomas nas próximas semanas, essa movimentação de pessoas é muito preocupante”, diz.

Apesar de decreto orientar a população sobre o isolamento social, somente pacientes com a Covid-19 podem ser alvo de uma atuação coercitiva, como aconteceu na quinta-feira passada, quando uma pessoa testada com a doença não queria permanecer internada no Hospital Municipal de Braz Cubas.

Entre as situações irregulares contidas dessa forma estão o término de festas, um campeonato de futebol que estava sendo realizado no Conjunto Santo Ângelo, e a subida de pessoas ao Pico do Urubu.

Com 65 anos, 45 deles dedicados à Polícia Militar e ao serviço de segurança, Sales afirma que esse é um dos momentos mais difíceis vividos na função de coordenar ações públicas. “Essa é verdadeiramente uma guerra, e tem gente que não entende isso. Nós teremos um hospital de campanha, com 200 leitos, porque poderemos ter pacientes que não terão leitos nos hospitais que temos. E, olha, Mogi deverá socorrer pacientes de cidades próximas, que não têm hospitais como os nossos. Por isso, a importância de se seguir as orientações médicas agora”.

Enquanto as queixas sobre aglomeração crescem, a Guarda Municipal nota uma redução dos crimes de menor potencial ofensivo. “Tivemos alguns casos nesses últimos dias, mas notamos que o perfil das ocorrências está centrado no combate à doença, já o tráfico se mantém para atender o usuário”.

Apesar do atendimento a problemas relatados em praças, condomínios e mercados, por conta de preços abusivos, Sales acredita que situações como saques a lojas não serão registradas. “O prefeito (Marcus Melo) e o secretário (Henrique Naufel) e a imprensa têm feito um trabalho muito transparente, focado na informação, e isso faz com que as pessoas se sintam mais seguras. Não acredito em registros como esses (saques) porque o mogiano, a maior parte dos moradores da cidade, sabe que a Covid é algo grave, mas também compreende que a cidade está fazendo o combate com os recursos disponíveis”, encerrou.

Mais tempo

Questionado sobre quanto tempo mais deverão vigorar as regras de isolamento social, Sales pondera: “Acredito que as regras possam começar a afrouxar entre os dias 15 de abril. Até lá, precisamos preservar vidas”.

Notícias falsas afetam trabalho dos agentes

Preocupado com o impacto do descumprimento das medidas de prevenção à pandemia em curso, o secretário municipal de Segurança, Paulo Roberto Madureira Sales, conta que um estorvo a mais são as falsas notícias, que estão circulando ferozmente nas últimas semanas. Ontem mesmo, por volta da hora do almoço, foi disparado que uma loja de roupas havia sido fechada na região central pela Prefeitura. Era mentira.

Notícias sobre bailes funks, muito comuns nos finais de semana, passaram a ser diárias. O problema é que enquanto a operação da Guarda Municipal verifica uma falsa notícia, algo urgente ou talvez muito grave deixa de ser atendido.

Se houver a identificação dos autores de mensagens enganosas, a Prefeitura tem como ir à Justiça. O problema: essa não é a prioridade hoje. “Isso requer a nossa atuação administrativa, e, agora, o que nos interessa é controlar as aglomerações, os focos de transmissão dessa doença”, admite Sales. Ontem, uma preocupação, era saber onde seriam descartados os materiais fabricados por uma empresa clandestina na Vila Rubens. Entre eles, álcool em gel.

Fonte:O Diário de Mogi