quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Doria não reconduz Ouvidor das polícias de SP ao cargo e escolhe 3º nome de lista tríplice

O advogado Elizeu Soares Lopes, ex-secretário-adjunto de Promoção da Igualdade Racial na gestão de Fernando Haddad, assume lugar de Benedito Mariano. Nomes são indicados pelo Condepe ao governador.
Por Lívia Machado, São Paulo — São Paulo

06/02/2020 09h21  Atualizado há 8 horas
Doria nomeia novo ouvidor das Polícias de SP — Foto: Reprodução/Redes sociais
    
Doria nomeia novo ouvidor das Polícias de SP — Foto: Reprodução/Redes sociais Doria nomeia novo ouvidor das Polícias de SP — Foto: Reprodução/Redes sociais 
Doria nomeia novo ouvidor das Polícias de SP — Foto: Reprodução/Redes sociais

O advogado Elizeu Soares Lopes foi escolhido pelo governador João Doria (PSDB) como novo ouvidor das Polícias de São Paulo. Ele ficará no cargo pelos próximos dois anos.

A nomeação de Elizeu foi publicada no Diário Oficial nesta quinta-feira (6). Ele assume o lugar de Benedito Mariano.

O nome é escolhido pelo governador após o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) encaminhar uma lista com os três candidatos mais votados pelos conselheiros.
Ouvidor Benedito Mariano — Foto: Kleber Tomaz/G1 SP
Ouvidor Benedito Mariano — Foto: Kleber Tomaz/G1 SPOuvidor Benedito Mariano — Foto: Kleber Tomaz/G1 SP
Ouvidor Benedito Mariano — Foto: Kleber Tomaz/G1 SP

Elizeu foi secretário-adjunto da Secretária de Promoção da Igualdade Racial na gestão de Fernando Haddad. A pasta foi extinta quando João Doria (PSDB) assumiu a Prefeitura. O advogado também é membro do PCdoB e trabalhou no gabinete da deputada Leci Brandão (PCdoB) na Assembleia Legislativa.

Segundo o presidente do Condepe, Dimitri Salles, Mariano foi o candidato que recebeu o maior número de votos dos conselheiros. A legislação, porém, permite que o governador decida entre os três indicados.

"A gente festeja a escolha do governador, pois ela reconhece a atuação do Condepe como órgão legitimado para a escolha da lista tríplice. Na verdade, a legislação autoriza isso. O governador poderia escolher qualquer um deles", completa Dimitri.

Dimitri revela que a expectativa natural era a da recondução de Mariano ao cargo, uma vez que é permitida a reeleição.

Entretanto, ele afirma a que, devido às críticas que o ouvidor fez ao governo, como no caso da ação da PM em Paraisópolis - que terminou com nove mortos - era esperado que Doria optasse por outro indicado.

"O Mariano causava muito incomodo, principalmente na Alesp, com os deputados da bancada da bala. Ele foi um ouvidor atuante, e extremamente competente. Todas as demandas que chegavam eram rapidamente resolvidas", destaca Dimitri.

Ariel de Castro, advogado, conselheiro do Condepe e membro do Grupo Tortura Nunca Mais, elogiou o escolhido, mas lamentou que Doria não tenha escolhido o mais votado da lista.

"Lamentável que o governador João Doria não tenha reconduzido o Ouvidor de Polícia Benedito Mariano, que foi o mais votado na lista tríplice estabelecida pelo Condepe e encaminhada para o governador no início de dezembro. Certamente a atuação combativa do atual Ouvidor diante da crescente violência policial favoreceu essa decisão do governador. O novo Ouvidor, o advogado Elizeu Soares Lopes, tem currículo e condições para também fazer um bom mandato à frente da Ouvidoria", disse.

Em 2015, Ariel de Castro também recebeu o maior número de votos dos conselheiros, mas não foi escolhido ouvidor pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB). À época, Ariel tinha recebido quatro votos. Júlio César Neves, advogado e Ouvidor Geral de Polícia, foi nomeado com dois votos.

Este ano, além de Mariano, foram indicados para o cargo Cheila Olalla, militante dos direitos humanos ligada à questão do sistema penitenciário, e Elizeu Lopes.

Ainda segundo o presidente do Conselho, Mariano teve nove votos - foi indicado por todos os conselheiros (cada conselheiro pode indicar três candidatos). Cheila Olalla recebeu sete votos e Elizeu, cinco.

O cargo de ouvidor, desde a criação da Ouvidoria, nunca foi ocupado por uma mulher. As eleições para o posto ocorreram no final de 2019 e tiveram quatro candidatos.

Fonte:G1.com.br