domingo, 4 de agosto de 2019

TRADIÇÃO: Cerejeiras florescem em Mogi das Cruzes

15 horas atrás4 min. - Tempo de leitura
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Fabio Palodette
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O Terminal Rodoviário Geraldo Scavone, no Mogilar, exibe a beleza das árvores que marca a imigração japonesa no Brasil. (Foto: Eisner Soares)
As cerejeiras de Mogi das Cruzes começaram a florescer e aos poucos mudam a paisagem de conhecidos canteiros da cidade. A árvore japonesa, também conhecida no Brasil como sakura, chama atenção dos mogianos pelos tons vivos de rosa e representa uma tradição cultural e histórica do passado imigratório do município.

Foram as primeiras famílias de imigrantes que introduziram a espécie no cenário urbano de Mogi. Com características únicas, as cerejeiras têm simbolismo especial para a cultura oriental. Elas sempre florescem no frio do inverno, quando grande parte das flores ainda se preparam para a chegada da primavera. O fenômeno é considerado raro, já que a espécie permanece florida apenas durante alguns dias. Essa particularidade é apreciada pela comunidade nipo-brasileira local e representa ciclos da vida e a renovação.

Memória viva do passado do município, é possível encontrar cerejeiras espalhadas em diversos espaços públicos de Mogi, como no Largo Shangai, nas rotatórias em César de Souza e Vila Rubens, no Terminal Rodoviário, além do resort Club Med Lake Paradise, em Jundiapeba, que exibe um percurso com mais de 200 peças da árvore, e nos redutos japoneses como a Praça dos Imigrantes, Parque Centenário e na Associação Cultural de Mogi – Bunkyo.


 A Praça dos Imigrantes exibe a árvore japonesa, também conhecida no Brasil como sakura. (Foto: Eisner Soares)
O biólogo e professor Pedro Luis Batista Tomasulo explica que a planta se adaptou bem ao clima mogiano. Ele lembra que no período colonial os imigrantes trouxeram diversos exemplares da fauna de seus países de origem para o Brasil. “Nem todas conseguiram completar seu ciclo de vida em terras diferentes, assim como algumas especieis de cerejeiras”, explica.

O especialista comenta que a árvore chegou ao Brasil como um presente dos imigrantes, por causa de seu significado. “Na terra do sol nascente, a floração marca a passagem da estação e representa a chegada de um tempo mais calmo, e o início de um novo ciclo”, explica.

Pedro defende que as cerejeiras recebam mais atenção da Prefeitura. Ele sugere a criação de um novo arboreto no Parque Centenário, como forma de “atrair mais turistas e homenagear a Imigração Japonesa em Mogi das Cruzes”. Ele usa o exemplo do Parque do Carmo, na capital paulista, que exibe mais de quatro mil exemplares da árvore. “O bosque atrai visitantes de todo o país, é algo que poderia ser implantado em Mogi, no Parque Centenário”, sugere.

O biólogo acredita que a Prefeitura deveria investir mais na arborização geral da cidade. “O plantio de diferentes espécies impacta diretamente a qualidade de vida da população”. Ele também defende que todas as comunidades imigratórias devem ser homenageadas.

Mogi das Cruzes tem tomado medidas ecológicas no que diz respeito à poluição do ar e ao desmatamento. A Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente informa que nos últimos dois anos, cerca de 25 mil árvores foram plantadas na cidade, número que deve chegar à 50 mil em 2020.

Planta requer quatro horas de sol por dia

Maria Tereza de Souza, funcionária de uma empresa de paisagismo em Mogi, comercializa mudas de cerejeira. Ela conta que nessa época do ano a procura pela árvore aumenta. “A florada pode demorar, mas a beleza desse momento faz valer a pena a espera”, comenta.

Ela explica que, não só é possível, como é fácil plantar uma muda desta espécie em casa. “A planta não é exigente, e seu desenvolvimento ocorre sem grandes complicações”, conta. Ela afirma que o clima úmido e frio de Mogi das Cruzes, que se assemelha ao do Japão, de onde ela é originária, a agrada e dá as condições para as árvores crescerem saudáveis. Os maiores cuidado com a planta são necessários no fim do inverno. “Pouco antes de iniciar a floração, reforce a fertilidade do solo com adubo orgânico”, diz.

A comerciante esclarece que a cerejeira precisa de muita luz solar. A dica é escolher “um lugar onde a árvore tenha pelo menos quatro horas diárias de sol”. Ela recomenda, se possível, para plantar “num local elevado em comparação ao resto do jardim ou do terreno a fim de protegê-la do ar frio”.

Cada muda sai por R$50,00, e segundo a paisagista, podem se desenvolver em até quatro anos.

Fonte:O Diário de Mogi