sábado, 2 de fevereiro de 2013

Denunciado por desvio de dinheiro, Renan é eleito presidente do Senado


Denunciado por desvio de dinheiro, Renan é eleito presidente do Senado
Diário de Suzano ed.: 9427 - 02 de fevereiro de 2013

Denunciado pelo Ministério Público ao Supremo Tribunal Federal (STF) por desviar dinheiro do Senado, o senador Renan Calheiros (PMDB -AL) foi eleito ontem com 56 votos para presidir a Casa pelos próximos dois anos. Seu adversário na disputa, Pedro Taques (PDT-MT), obteve apenas 18 votos, apesar de o PSDB, PSB, PDT, DEM e PSOL terem fechado apoio à sua candidatura. Os cinco partidos juntos de oposição têm 25 senadores. Dois senadores votaram em branco e outros dois anularam o voto. "Obviamente, esperávamos mais votos", reconheceu o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que abriu mão de se lançar na disputa em prol de os independentes terem um candidato único. 
Diante da vitória de Renan, os aliados desistiram de retaliar o PSDB e lançar um candidato à primeira secretaria do Senado, considerada uma espécie de prefeitura da Casa, responsável por um orçamento de R$ 3,5 bilhões, em 2013. Mesmo depois de os tucanos terem declarado apoio oficial à candidatura de Taques, o cargo ficou com o senador tucano Flexa Ribeiro (PA).
Renan retoma ao comando do Senado cinco anos depois de renunciar ao cargo para não ser cassado e uma semana após o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, tê-lo denunciado por peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e uso de notas falsas. 
O novo presidente do Senado foi eleito em votação secreta, com a presença de 78 de 81 senadores. Faltaram à votação os senadores Humberto Costa (PT-PE), que está na Califórnia (EUA) fazendo um curso de inglês, e Luiz Henrique (PMDB-SC) e João Ribeiro (PR-RO), ambos doentes.
Lançado oficialmente candidato na véspera da eleição, mas articulando a candidatura desde o ano passado, Renan fez um discurso em plenário no qual ignorou as acusações que pesam sobre ele e disse que ética "é obrigação de todos". Depois de eleito, ele fez um novo discurso, desta vez em defesa das liberdades de expressão e de imprensa. Ele disse que será contra a qualquer iniciativa legislativa que busque controlar os veículos de comunicação, ressaltando que o único controle possível é o do "controle remoto".
"A pretensão de abolir a liberdade de expressão, a qualquer pretexto, inclusive do ponto de vista administrativo, é imprópria ou até insana", afirmou. "A imprensa é insubstituível", defendeu. "Ninguém quer uma imprensa que se agacha, como aconteceu na ditadura, que eu e muitos de nós combateram", disse Renan, no primeiro discurso depois de eleito
Antes da votação, 17 senadores discursaram, nove a favor de Renan e oito contra. Um dia depois de ter convencido a bancada tucana a apoiar a candidatura de Taques, o presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) optou por ficar calado e não fazer discurso. O mesmo comportamento foi adotado pelo novo líder do PSDB, senador Aloysio Nunes Ferreira (SP). Em suas falas, a maioria dos aliados de Renan defendeu o critério da proporcionalidade das bancadas na eleição o que garante ao PMDB, com o maior número de senadores (20), o direito de indicar o candidato a presidente.
Os senadores peemedebistas Edison Lobão Filho (MA), Sérgio Souza (PR) e Eduardo Braga (AM) foram os mais enfáticos na defesa de Renan. "Aqui nesta Casa não há nenhum vestal", argumentou Lobão Filho, ao bradar que nenhum senador tem autoridade para "levantar o dedo para o senador Renan Calheiros". Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) fez uma defesa envergonhada da candidatura de Renan sob o argumento de que seguia "as diretrizes" de seu partido.


Fonte:O Diário de Suzano