segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ação na cracolândia já pauta debate eleitoral em São Paulo



Mudança relega a segundo plano assuntos que costumam pautar a disputa, como transportes e habitação
Lucas de Abreu Maia e Bruno Boghossian, de O Estado de S. Paulo
A tentativa coordenada do governo e da Prefeitura de São Paulo de colocar um fim à cracolândia lançou o combate ao crack como primeiro tema da campanha eleitoral na capital paulista. A mudança relega a segundo plano assuntos que costumam pautar a disputa, como transportes e habitação. Desde já, o PT usa os episódios de violência policial para classificar a ação como “mal planejada”, enquanto tucanos e kassabistas apostam no sucesso da operação para usá-la como bandeira política.


Disposto a atacar a operação para emparedar seus principais adversários, o PT escalou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na elaboração de um projeto de combate ao consumo da droga para seu pré-candidato a prefeito, Fernando Haddad.


O objetivo é mostrar, no município, sintonia com o Plano Nacional de Combate ao Crack, proposto durante a campanha nacional de 2010 e recém-lançado pela presidente Dilma Rousseff, com foco pesado no tratamento dos dependentes químicos. Para minar a ação na cracolândia, que poderia ser usada como trunfo pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD), petistas passaram a criticar os episódios de violência na região.


“A operação se mostrou exclusivamente uma intervenção contra os usuários de crack e com uso apenas de forças policiais”, escreveu o ex-ministro José Dirceu (PT) em seu blog.


O partido, contudo, pode ser obrigado a evitar o assunto, caso se concretize a aliança sugerida pelo PSD ao PT, apesar da resistência dos petistas da capital. A aproximação impediria Haddad de usar a operação para atacar a estratégia do governo tucano.


Causa preocupação no partido a gafe cometida por Haddad ao condenar a ação policial na UUS, em novembro, quando afirmou que “não se pode tratar a USP como se fosse a cracolândia”. Nas semanas seguintes, o ministro disse que não se arrependia da comparação, mas criticou também a falta de atenção aos usuários da droga.


Fonte:O Estado de S.Paulo