domingo, 25 de dezembro de 2011

Faltam leitos e médicos na Região

Júlia Guimarães

O Diário teve acesso com exclusividade aos resultados de um dossiê elaborado pela Frente Parlamentar do Alto Tietê sobre a precariedade do sistema de saúde regional. O documento confirma a gravidade da situação enfrentada por uma população estimada em mais de um milhão de pessoas no decorrer deste ano: os pacientes convivem com a falta de leitos hospitalares e de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), de médicos e de espaço físico nos três principais hospitais públicos sob a responsabilidade do Governo do Estado.


Durante todo este ano, uma série de reportagens publicadas por O Diário denunciou as carências da Saúde Pública. O quadro chamou a atenção dos parlamentares que, em vistorias consecutivas, encontraram um estado de extrema precariedade, com pacientes atendidos em corredores ou em macas improvisadas espalhadas pelo chão.


Ao final, o grupo composto por seis deputados estaduais, elaborou um relatório com as principais deficiências dos Hospitais Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes; Regional Dr. Osíris Florindo Coelho, de Ferraz de Vasconcelos; e Geral Santa Marcelina, de Itaquaquecetuba.


Os resultados da investigação, que ainda não haviam sido divulgados, foram entregues em novembro passado ao secretário de Estado da Saúde, Giovanni Guido Cerri. "O que nós constatamos é que a demanda dos hospitais é muito alta e que a estrutura não é suficiente para atender adequadamente à população. Os problemas são muitos. Durante a reunião, o secretário Giovani Cerri anunciou uma série de medidas que podem minimizar esse quadro, como a criação de 110 leitos de retaguarda no Doutor Arnaldo Pezzutti Cavalcante e a construção de um novo hospital em Suzano. Agora, vamos trabalhar para que todos esses anúncios sejam efetivamente concretizados", afirmou o presidente da Frente Parlamentar, deputado André do Prado (PR).


De acordo com o dossiê, os três hospitais possuem juntos um orçamento de R$ 198 milhões e atenderam a 1,033 milhão de pessoas ao longo deste ano. Porém, eles concentram diferentes características no atendimento, com gritantes diferenças nos investimentos destinados a eles. O Regional de Ferraz acolhe o maior número de pessoas, com 477 mil atendimentos anuais, mas recebe o menor valor para custeio, apenas R$ 30 milhões por ano. A unidade mais rica é o Luzia de Pinho Melo, que contou com orçamento de R$ 96 milhões em 2011, e assistiu cerca de 300 mil pacientes. O Santa Marcelina atendeu a 256 mil pessoas e recebeu R$ 72 milhões (confira nesta página quadro completo sobre o atendimento das unidades).


Apesar de possuir o orçamento mais expressivo, foi justamente no Luzia de Pinho Melo onde os deputados da Região encontraram os maiores problemas. De acordo com o relatório, o serviço funciona acima do limite da capacidade e não tem profissionais em número suficiente para atender à demanda. Além disso, possui espaço físico inadequado e precisa de urgente ampliação.


O número de leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) também é insuficiente. Mas, a pior situação é do Pronto-Socorro que tem pacientes atendidos de forma improvisada, nos corredores. Durante a vistoria, os deputados também flagraram pessoas internadas acomodadas de forma impensável, em macas colocadas no chão.


O dossiê aponta que o Hospital Geral Santa Marcelina, de Itaquaquecetuba, também funciona com atendimentos acima da capacidade e que o espaço físico precisa de ampliação.


Ainda de acordo com os deputados, a unidade precisa de mais leitos de UTI, pelo menos dez a curto prazo, e de investimentos nas áreas de psiquiatria e hemodiálise.


Já no Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos, a falta de médicos foi o principal problema diagnosticado pelos deputados. Por causa disso, o Pronto Socorro está superlotado e há uma grande demora para atendimento da população. O quadro aponta para a necessidade de realização de concurso público para contratação de novos profissionais.


Em entrevista a O Diário, o deputado Luiz Carlos Gondim Teixeira (PPS) destacou que as falhas nos hospitais públicos obriga a população a enfrentar longas filas, nas mais diversas áreas. "Não estamos atendendo a contento os pacientes cardiológicos e de câncer, que estão sendo encaminhados para São Paulo. Também faltam investimentos em psiquiatria. Para as cirurgias de média complexidade as esperas chegam a seis meses. As cirurgias ginecológicas só podem ser realizadas em Ferraz de Vasconcelos, onde não há médicos. Então, toda essa situação cria um problema muito grande. O secretário Giovani Cerri fala na regionalização. No discurso é uma coisa, porém, na prática é outra. Então, nós vamos continuar cobrando", destacou


Fonte:O Diário de Mogi