segunda-feira, 9 de maio de 2011

Obama exige investigação sobre vínculos de Paquistão com Bin Laden

Obama exige investigação sobre vínculos de Paquistão com Bin Laden

Presidente americano evita acusar diretamente Islamabad de saber paradeiro de líder da Al-Qaeda

09 de maio de 2011 | 0h 00

Gustavo Chacra - O Estado de S.Paulo
Evitando acusar diretamente o governo do Paquistão de ter conhecimento da presença de Osama bin Laden em seu território durante quase sete anos, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou ser preciso investigar o possível envolvimento de alguma autoridade da administração paquistanesa com o líder da Al-Qaeda.
Reuters/Stringer
Reuters/Stringer
Repúdio. Em Multan, paquistaneses protestam contra os EUA e condenam morte de Bin Laden
"Bin Laden teve alguma forma de apoio no Paquistão, mas não sabemos se era alguém de dentro do governo ou alguma pessoa de fora e isso é algo que precisamos investigar. Mais importante, o governo do Paquistão necessita investigar", disse Obama, em entrevista à TV CBS.
Obama acrescentou que os 40 minutos em que acompanhou o ataque dos Seals foram "os mais longos" de sua vida - exceção feita à ocasião em que sua filha Sasha teve uma doença grave. Segundo ele, a chance de sucesso na operação era "55 a 45". Havia divisão entre seus assessores sobre qual a melhor alternativa. "Não podíamos dizer com segurança que Bin Laden estivesse lá (na casa no Paquistão). Se não o encontrássemos, haveria conseqüências sérias", afirmou Obama, na primeira entrevista desde a ação contra o líder da Al Qaeda.
A necessidade de investigar a possível ligação de Bin Laden com autoridades paquistanesas também foi abordada pelo assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Tom Donilon. Afirmando não ter "provas de que líderes políticos, militares ou de inteligência tivessem conhecimento da presença de Bin Laden", ele disse ser preciso entender como "isso ocorreu no Paquistão". A suspeita é que alguém dentro da ISI, o serviço de inteligência do Paquistão, soubesse do local onde estava Bin Laden. Essa agência, apesar de colaborar com os EUA, mantém ligações com extremistas do Afeganistão e do Paquistão.
O governo paquistanês comprometeu-se a investigar se membros da administração sabiam que Bin Laden, morto há uma semana em uma operação militar dos EUA em Abbottabad, no Paquistão, estava no país. Hoje, o premiê Yusuf Raza Gilani realizará um pronunciamento oficial para a nação no Parlamento em Islamabad, no qual apresentará a versão oficial do governo sobre a operação americana que resultou na morte do terrorista saudita. Será a primeira vez que o governo paquistanês se manifestará publicamente sobre o episódio, que provocou uma crise interna no país.
Em um vídeo exibido ontem em sites jihadistas, gravado em uma data não determinada, Bin Laden fez ameaças aos EUA dizendo que os "americanos não terão segurança enquanto os palestinos também não tiverem". Na sexta-feira, a Al-Qaeda admitiu que o saudita morreu na ação americana. O governo dos EUA, no sábado, divulgou vídeos caseiros de Bin Laden em seu esconderijo em Abbottabad.
No Afeganistão, o comandante das Forças dos EUA no país, David Petraeus, disse que a morte de Bin Laden deve reduzir a influência da Al-Qaeda no Taleban e pode facilitar o rompimento das relações entre os dois grupos. Segundo Washington, Bin Laden ainda estava no comando da rede terrorista. Mas tanto o governo do Paquistão quanto analistas americanos consideram um exagero afirmar que o saudita ainda centralizasse o poder. / COLABOROU ADRIANA CARRANCA 
Fonte:O Estado de s.Paulo