quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Marina diz que "a priori" não será candidata à Presidência em 2014

Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Marina Silva (PV-AC) discurso de mais de duas horas

Em seu último discurso na tribuna como senadora, Marina Silva (PV-AC) afirmou nesta quinta-feira (16) que deixará o cargo para “voltar à sociedade brasileira como ativista” e que não se vê “a priori” como candidata ao Palácio do Planalto em 2014. Em um pronunciamento de quase duas horas e meia, ela disse ainda que defenderá uma reforma política que permita candidatos sem partido em eleições.

Terceira colocada na corrida presidencial deste ano, Marina afirmou também que só revelará se votou pela presidente eleita Dilma Rousseff (PT) ou pelo ex-governador José Serra (PSDB), “lá pelos 100 anos de idade”. Na disputa pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela surpreendeu os especialistas ao atrair cerca de 20 milhões de eleitores e ajudar a forçar um segundo turno entre Dilma e Serra.
“Não vou ficar no lugar de candidata a priori para 2014. Quero fazer parte de um processo. Em um processo como esse teremos que ter o melhor representante para essa ideia de um Brasil economicamente justo”, afirmou a senadora. “É por esse Brasil que me disponho a continuar lutando. Quero voltar para a sociedade brasileira como ativista. Não vou ficar presa só à questão partidária.”
Marina afirmou que sua independência no segundo turno “não foi neutralidade”. “Apresentamos uma plataforma. Como o voto é do eleitor, a ideia é que eles pudessem se comprometer. Não revelei qual era minha decisão. Talvez lá pelos 100 anos eu o faça”, afirmou ela, que tem relação estremecida com membros do PV. “Talvez seja mais difícil se manter independente do que tomar uma posição.”

A senadora desejou sorte a Dilma, deu conselhos à oposição e disse que nos próximos anos não vai apostar no “quanto pior, melhor”. “Jamais terei uma atitude complacente com os erros. Mas também não quero ter atitude de ocultar os acertos nem de reescrever a história. A história não começa agora”, afirmou. “Tenho compromisso não com as próximas eleições, mas sim com as futuras gerações.”


Amizade e votos

Dos colegas, só ouviu elogios. Os mais enfáticos foram do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que, como ministro da Educação, foi colega de Marina no governo do presidente Lula. A senadora ocupou a pasta do Meio Ambiente e pediu demissão por, segundo ela, falta de apoio político.
“Se a senhora tiver um discurso, mande para mim que eu leio. Mande para mim que dou entrada num projeto de lei. Conte comigo como seu seguidor aqui para continuar sua luta, para que este país faça uma inflexão necessária”, afirmou. Pedro Simon (PMDB-RS), eleitor declarado de Marina, disse que vê a saída dela com “mágoa”.
O futuro ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), cujo partido apoiou Dilma, indicou que quase mudou de ideia na frente da urna eletrônica. “Não votei na senhora. Mas quase voto. Se eu demorasse mais...” A senadora riu e agradeceu: “Ainda bem que esses 20 milhões [de eleitores] não quase votaram”.
Presidente da sessão e também perto de deixar o Senado, Mão Santa (PSC-PI), adversário do governo Lula, mas membro de um partido que apoio Dilma, foi menos telegráfico. “A aliança partidária, coisa e tal, não me deixa dizer. Mas posso afirmar que eu fiz melhor do que o senador Garibaldi”, comentou.

Uol.com - 16/12/2010