segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Governo prepara corte de gastos e pode postergar obras do PAC

CIRILO JUNIOR

DO RIO

O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou nesta segunda-feira que o governo prepara um pacote para reduzir custos e que projetos do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) poderão ser postergados em função das medidas.

De acordo com ele, as obras que já andamento terão seus ritmos mantidos e não serão afetadas pela redução de custos do governo.
"Pode ser que tenha alguma postergação. É uma questão de ritmo. Os projetos que estão terminando neste ano ou que estão para terminar nos próximos anos não serão mexidos. Os projetos novos, que ainda vão começar, poderão começar mais lentamente ou não começarem imediatamente. [O governo vai] dar prioridade aos projetos já em andamento, que levam mais um ou dois anos para terminar", afirmou.

O ministro disse ainda que o corte de gastos ainda está sendo definido e será anunciado em breve.
Segundo Mantega, haverá cortes em todas as áreas para reduzir o custeio já existente. Além disso, o governo também vai trabalhar para impedir novos gastos. Para isso, o ministro afirmou que terá que contar com o Congresso, citando projetos que serão votados como o da PEC 300 --salário único para as polícias no Brasil-- que vai acarretar aumento de R$ 46 bilhões para a União e Estados. O governo trabalha para barrar essa PEC.
Mantega afirmou ainda que o salário mínimo para 2011, não deverá ultrapassar R$ 540.
O ministro também se mostrou contra a proposta de aumento de 56% para os servidores do judiciário.
Para o ministro, o corte no custeio abre "um espaço razoável" para a queda dos juros. Segundo Mantega, o Brasil ainda está está defasado diante do cenário internacional. "Isso causa problemas, inclusive com o câmbio. O caminho estará aberto quando houver essas mudanças para adequação no momento que for considerado pelo Banco Central".

BNDES

Ainda nesta segunda-feira, o ministro Mantega afirmou que, nas próximas duas semanas, serão anunciadas medidas para estimular o financiamento privado do país. O objetivo principal é desafogar o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Mantega disse que a maio participação do setor privado na concessão de financiamentos vai auxiliar na redução da taxa de juros Selic.
"Estamos preparando um programa para aumentar o crédito privado, com condições e prazos condizentes. Isso vai aliviar o BNDES", afirmou o ministro, que participa do seminário "Diálogos Capitais", promovido pela "Carta Capital", no Rio
Mantega elogiou as medidas do Banco Central para restringir a concessão de crédito no país, para evitar bolhas e aumento na inflação. "Essas medidas foram positivas", resumiu

Folha.com - 06/12/2010